A Câmara dos Deputados adaptou sua estrutura para atender às necessidades de acessibilidade do primeiro deputado cego da história do País, Felipe Rigoni (PSB-ES), que tomará posse nesta sexta-feira (1º). A Coordenação de Acessibilidade da Câmara instalou postos de votação com sinalização em braile e para captação do voto em sistema de áudio conectado ao painel de votação eletrônica. O deputado vai ter três cadeiras adaptadas em diferentes locais dentro do Plenário.
Felipe Rigoni esteve na Câmara e testou o sistema de votação que vai ser usado para a eleição do novo presidente da Casa e dos integrantes da Mesa Diretora. Ele disse que aprovou o resultado dos trabalhos de adaptação, que começaram a ser planejados em outubro, logo após ele ter sido eleito e ter visitado a Câmara pela primeira vez. “Os postos de votação estão falando em áudio comigo, está perfeito e vai dar para votar tranquilamente e fazer um bom trabalho”, afirmou.
A diretora da Coordenação de Acessibilidade, Adriana Jannuzzi, explicou que foram desenvolvidos dois sistemas de votação adaptados: um para votação secreta da eleição da Mesa e outro para as votações de projetos de lei.
“[O sistema de votação secreta] lê para ele tudo o que está na tela e, com fone de ouvido, ele vai navegando pelos botões, pela interface do aplicativo, e escolhe o voto que vai fazer. Ele usa o fone para ninguém ouvir o voto que está colocando lá”, informou. “O outro sistema é o sistema de votação eletrônica, para os projetos de lei, que aparece no painel de votação que tem no Plenário. Nesse sistema, ele vai sentar em um posto de votação adaptada.”
O serviço de acessibilidade chamou o servidor Márcio Marakami, que também é cego, para ser consultor do sistema. “A Câmara está preparada para se adaptar conforme as necessidades que vão surgindo”, afirmou.
Perfil – Eleito em outubro, Felipe Rigoni tem 27 anos de idade e perdeu a visão aos 15, em decorrência de uma inflamação ocular chamada uveíte. Formou-se em engenharia de produção pela Universidade Federal de Ouro Preto (MG) e fez mestrado em políticas públicas na Universidade de Oxford, na Inglaterra. Também já foi líder estudantil e do movimento de empresas juniores.
(Agência Câmara)