César Viana desmistifica dados sobre a produção agropecuária do Maranhão

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AQUILES EMIR

Ao participar nesta quarta-feira (11), na Associação Comercial do Maranhão de mais uma edição dos Diálogos Rurais, eventos promovidos pelo Sistema Federação da Agricultura do Maranhão (Faema), o professor César Viana alertou os empresários para os riscos que correm as atividades rurais no Maranhão, caso sejam implantados todos os projetos que existem para preservação ambiental, reservas extrativistas e indígenas etc.

César Viana, que foi secretário de Agricultura e prefeito de Miranda do Norte, é especialista em solos e presta consultoria à Famea, questionou também alguns números oficiais sobre produção agrícola, abundância de água e outros, que, segundo ele, não se sustentam.

De acordo com o especialista, uma das maiores fantasias vendidas nos últimos anos foi a de que o Maranhão tinha uma produção de 500 mil toneladas de arroz por ano, como sustentado pelo IBGE e a Conab, que depois de muito questionados decidiram baixar esses indicadores e hoje o número é o que mais se aproxima da realidade, cerca de 240 mil toneladas.

Segundo ele, se fosse verdadeira a informação de que o Maranhão produzia meio milhão de toneladas de arroz, isto significaria uma movimentação de R$ 450 milhões na zona rural, se o quilo do grão fosse vendido a R$ 0,90, e ele pergunta: “Alguém já viu esta fortuna nos bolsos dos agricultores?”

César Viana diz que outros indicadores começam a ser questionados, como é o caso do rebanho bovino, que sempre foi dito que seria de 7,2 milhões de reses, porém os dados do Censo Agropecuário do IBGE vão trazer uma realidade surpreendente, ou seja, menos de 5 milhões, e isto implica no questionamento de uma série de ações que são desenvolvidas pelo poder público e a iniciativa privada.

Água – César Viana questionou ainda o discurso de que o Maranhão tem abundância de água, pois o que existe, de fato, é um grande volume de chuvas, porém essa água não é retida e como a vazão dos rios é muito forte toda ela vai para o mar. Segundo ele, se fossem colocados em operação quatro pivôs centrais para irrigação ligados ao rio Itapecuru em pouco tempo o Italuís estaria comprometido, pois toda água seria sugada e o mar invadiria o rio.

Ele fez uma comparação com o Ceará, que mesmo enfrentando sérios problemas de estiagem abastece o Maranhão de leite, sucos, água de coco, frutas, legumes, verduras etc, ou seja, “nós importamos água do semiárido, pois tudo isto é produzido com uso dela”.

Ao fazer essas considerações, César Viana disse que não quer depreciar o potencial agropecuário maranhense, mas alertar as autoridades para quem passem a trabalhar com números reais e desenvolvam políticas que possam trazer resultados concretos.

Viana disse não ser contra a preservação ambiental, muito pelo contrário, porém é preciso que se atente que o Maranhão não pode ter mais de cem municípios incluídos no Bioma Amazônia, obrigando as propriedades a reservarem 80% de florestas, inviabilizando os empreendimentos agropecuários, que são responsáveis pela produção de alimentos.

Para César Viana, urgente para o Maranhão é se concluir o Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE), pois este é que dará segurança jurídica ao empreendedor rural, que hoje vive o dilema de ver ameaçado seu empreendimento porque cada órgão de proteção ambiental e as ONGs de ambientalistas querem impor seu entendimento sobre o que é e o que não é permitido.

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