A campanha eleitoral deste ano poderá ser marcada por um “banho de violência”, segundo previsão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), ao analisar, em entrevista para a imprensa estrangeira, nesta segunda-feira (26), no Rio de Janeiro (RJ), atos hostis de manifestantes durante a caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na região Sul do país.
Em diversas cidades do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, Lula e aliados foram alvos de manifestantes que lançaram paus, pedras, ovos e ainda bloquearam vias para dificultar o deslocamento da caravana. Para a ex-presidente Dilma, os atos são cometidos por grupos milicianos com viés fascista, cujo objetivo é romper com os ideias democráticos e alimentar o ódio e a violência no Brasil.
“Vim denunciar o que pode acontecer na campanha, que é um banho de violência sobre nós que sempre fomos defensores da democracia e sempre que ela se restringiu o povo perdeu. Há no Brasil processos muito violentos que vão chegar à campanha eleitoral”, alertou citando os protestos registrados em Porto Alegre, Santa Maria, Chapecó, São Borja e outras cidades.
A ex-presidente também criticou a senadora Ana Amélia (PP-RS), que elogiou os que atiraram ovos e levantaram o relho contra Lula e seus aliados. Segundo ela, o PT está ingressando na Procuradoria-Geral da República com uma queixa-crime contra a parlamentar e com uma representação no Conselho de Ética do Senado.
“Em todos os locais são milícias armadas, tem gente com revolver e bomba. Tem foto disso”, afirmou a ex-presidente
Marun – Em Brasília (DF), o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, comentou os episódios ocorridos na caravana de Lula e disse que o PT deveria rever a estratégia de percorrer o país em campanha com o ex-presidente.
“Nós entendemos que o presidente Lula não pode mais ser candidato. E essa decisão de hoje somente corrobora esse entendimento”, disse, referindo-se à rejeição pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) dos embargos de declaração impetradas pela defesa do ex-presidente no processo do tríplex no Guarujá (SP).
“Talvez a forma como o PT está atuando, como se nada tivesse acontecido, percorrendo o Brasil em campanha, deva ser repensada pelas lideranças”, argumentou o ministro. “A insistência hoje não contribui para a necessária tranquilidade que nós entendemos que seja positiva nos momentos que antecedem o pleito.”
“Mesmo que alguns tenham tentado transformar o Brasil em uma Venezuela, nós não temos essa tradição de conflito nas eleições… o ideal seria que entendessem isso, porque na verdade nos preocupa a elevação da temperatura e até essa radicalização de posições que está se estabelecendo em torno dessa impossível candidatura do ex-presidente Lula”, concluiu Marun.
Lula lidera as pesquisas de intenção de voto para a Presidência em outubro, mas com a confirmação da condenação a 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex, deve ficar impedido de disputar a eleição de acordo com a Lei da Ficha Limpa.
(Com dados da Agência Reuter)