Educação Profissional e as empresas precisam se preparar para a indústria 4.0

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O superintendente do Serviço Social da Indústria (Sesi) e do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) diretor regional do Serviço de Aprendizagem Industrial (Senai), Marco Moura da Silva, foi um dos palestrantes do meetup que faz parte da programação do EFC Day, iniciativa dos empregados da Estrada de Ferro Carajás (EFC) realizado nesta quarta-feira (23), no Parque Botânico Vale São Luís. O evento buscou compartilhar ideias e resultados de ações nas áreas de tecnologia e inovação, proporcionando uma mudança de visão para o futuro e facilita o networking dos participantes.

Marco Moura abordou em sua palestra o tema “Educação e empregabilidade no contexto da indústria 4.0”, fazendo uma comparação do sistema educacional de países como Portugal, Nova Zelândia e Singapura com o Brasil.

Ele enfatizou que Portugal revisou a grade curricular com ênfase em Português e Matemática, facilitou o acesso às Universidades, incluiu educação profissional na grade curricular, e que em 15 anos reduziu a evasão escolar de 44% para 14%.  Já países como a Nova Zelândia e Singapura, trabalham a aprendizagem por projetos, usam a tecnologia e design thinking, os professores são reconhecidos e treinados como tutores, a família é engajada no processo e criaram um Novo Ensino Médio com opções de carreira, dos quais 30% dos melhores egressos das universidades viram professores.

Em relação ao Brasil, Moura enfatizou que nos últimos dez anos, os gastos com educação quase dobraram, mas o resultado no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) 2015 permanece inalterado. Mesmo assim, o país ainda investe menos da metade que a média de países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

“Os nossos melhores alunos brasileiros estão no nível dos piores do Vietnã. 40% dos alunos tiraram nota zero. Menos de 1% tirou 5 em matemática.  55% das crianças que estão no 3º ano do Ensino Fundamental não sabem ler e escrever. Precisamos repensar a alfabetização! Somente 3% dos jovens querem ser professor, é preciso remodelar a profissão. Apenas 7% dos jovens que chegam no 3º ano do Ensino Médio sabem matemática. Apenas 7% dos pais, afirmam que a educação é uma de suas principais responsabilidades”, destacou Moura em sua fala.

Na Educação Superior os resultados também não são animadores. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, no curso de engenharia, no ano de 2017, por exemplo, a cada 10 alunos matriculados apenas 5 concluíram o curso. De 1500 cursos de engenharia, 60% tem nota mínima satisfatória. Em países como Correia, Rússia, Finlândia e Áustria a média é de 20 engenheiros para 10 mil habitantes, enquanto que no Brasil essa média é de apenas 4,8.

Segundo o diretor do Senai, a falta de investimentos na Educação vem acarretando para o Brasil diversos resultados negativos para a economia, entre eles, o baixo índice de inovação das empresas. “Países como Estados Unidos e Canadá atingiram 7,5 e 7,1 anos de estudo da população no início do século XX (1900). O Brasil alcançou essa escolaridade média em 2009. Conclusão: o nosso atraso educacional é de um século. Dentre 128 países, o Brasil ocupa o 69º lugar”.

A qualificação e educação dos trabalhadores é um desafio que todas as empresas no Brasil, hoje, precisam enfrentar. Investir em educação, já é comprovado, impacta diretamente na produtividade da indústria. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com fontes da Conference Board de 2017 e UNIEPRO apontam que na indústria brasileira, apenas 30 horas são “gastas” por ano em capacitação, quando nos Estados Unidos, por exemplo, esse tempo chega a 140 horas anuais, isso considerando um industriário de chão de fábrica e não os de cargos gerenciais.

“Os impactos de investimentos em educação, qualificação e desenvolvimento dos trabalhadores da indústria é diretamente percebido no aumento da produtividade da indústria. O Brasil está estagnado na produtividade. Infelizmente, hoje, é preciso quatro trabalhadores brasileiros para fazer o trabalho de um americano”, afirmou Moura.

Ele também falou sobre empregabilidade, habilidades, algumas profissões que poderão ser automatizadas e as tendências em diversos setores e a indústria 4.0, como é conhecida a integração do mundo físico e virtual por meio de tecnologias digitais, que vai mudar a forma de produzir, gerar novos negócios e transformar o mercado de trabalho. O uso de recursos como internet das coisas, big data e inteligência artificial também podem aumentar a produtividade das empresas.

“Empresas de todo o mundo estão iniciando esse processo. A indústria 4.0 deve ser vista como uma oportunidade para o Brasil dar um salto em produtividade e gerar mais desenvolvimento”, avaliou.

MEETUP – é um encontro informal em que as pessoas conversam de pé, facilitando a circulação e o networking. A ideia vem do Vale do Silício, em que eventos como esse são tão comuns quanto um happy-hour.

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