Embrapa Cocais aproxima quebradeiras de coco do Maranhão de comunidades indígenas

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A Embrapa Cocais realizou, terça-feira (02), em São Luís, seminário técnico sobre Relatos de Experiências com Fabricação de Produtos de Babaçu, em que foram analisados os casos de indígenas Paiter-Suruí (Cacoal, em Rondônia) e das quebradeiras de coco (Itapecuru-Mirim, no Maranhão). O evento contou com as presenças de representantes da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) e o Instituto Federal do Maranhão (IFMA).

Maria Domingas Pinto, da Cooperativa das Quebradeiras de Coco Babaçu de Itapecuru-Mirim (Coobavida), relatou a história pioneira de luta das quebradeiras, cujo trabalho inclui a preservação das palmeiras e da cadeia produtiva do coco babaçu.

“Estamos felizes de estar aqui, na Embrapa. São muitos anos de parceria, incluindo um pouco de conhecimento e tecnologia à nossa prática. Nossa história tem muita luta, mas também tem muita vitória! Sonhamos muito e temos muito a alcançar, com os pés no chão, como expandir nosso mercado de forma organizada, sempre com respeito às quebradeiras e à sua dignidade profissional. Nós temos consciência do nosso valor e do valor do nosso produto, o babaçu”.

Domingas também citou o papel da Embrapa no trabalho com os subprodutos do babaçu, para além da coleta do coco e retirada da amêndoa. “O pesquisador José Frazão deu estalo e nós soubemos regar a semente. Ao nos apresentar a máquina para extrair o óleo da amêndoa e nos trazer um químico para contribuir com a receita do sabonete, demos um grande passo”, completou.

Para Frazão, esse foi um trabalho de provocação, a atitude veio delas mesmas. “Vocês fizeram de outra forma o que já vinham fazendo. O trabalho das quebradeiras é fantástico e ajudou e continua ainda a ajudar a preservar o babaçual do Maranhão”, arrematou.

Para a chefe-geral da Embrapa Cocais, Maria de Lourdes Mendonça Santos Brefin, as quebradeiras dão aula de compromisso, empreendedorismo, empoderamento feminino, liderança, relacionamento, entre outras lições. “Agradeço a presença e quero dizer que acredito no potencial de mercado dos subprodutos do babaçu. Sabemos que há tendência para busca de alimentos naturais da biodiversidade e esse é um nicho a explorar na cadeia do babaçu”.

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Também foram convidados para apresentar a forma de aproveitamento dos subprodutos do babaçu representantes dos índios Paiter-Suruí, o casal Amauri Napakobá Suruí e Marli Henrique de Lima Pio Suruí, da Associação Soenama. Atualmente o Povo Suruí se distribui em 28 aldeias dentro de um território de aproximadamente 247.845 hectares localizado em uma região fronteiriça, ao norte do município de Cacoal (estado de Rondônia) até o município de Aripuanã (estado do Mato Grosso).

“Os Suruí de Rondônia se autodenominam Paíter, que significa ‘gente de verdade, nós mesmos’. Falamos a língua do grupo Tupi e da família linguística Mondé. Com o babaçu, fazemos farinha, óleo, carvão, artesanato e cobertura de casas. Agradecemos o convite e almejamos parceria com as quebradeiras para aprendermos com elas extrair mais subprodutos da palmeira do babaçu para geração de renda com preservação ambiental e ainda valorização e fortalecimento da nossa cultura. Também queremos firmar  parceria com a Embrapa para utilização da máquina de extração de óleo e mais trocas de conhecimento”.

Como resultado do encontro será firmando um intercâmbio de práticas extrativistas do babaçu para geração de renda sustentável. Serão escolhidos três membros da comunidade indígena para ir à associação das quebradeiras de coco, em Itapecuru-MA.

Da parte da Embrapa, serão costuradas mais formas de parcerias. “Nossa experiência é com as áreas antropizadas e agregar mais essa experiência será muito rico. Estamos já estudando conversando internamente como realizar pesquisas nessa comunidade indígena por meio dos nossos projetos já existentes”, disse a pesquisadora Guilhermina Cayres, que trabalha especificamente com desenvolvimento socioambiental de comunidades.

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