Escolas do Senai deveriam servir de modelo para os governos estaduais

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JOÃO PAULO MACHADO

O Brasil deveria seguir o exemplo de países como a Coreia do Sul, que aproveitou a experiência da indústria, para formular o desenho instrucional de cursos do Ensino Médio. A avaliação é de Cláudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da FGV.

De acordo com ela, o país deveria aproveitar a capacidade educacional de instituições como, por exemplo, o Senai, para transmitir os conhecimentos adquiridos com a prática para as secretarias de Educação dos estados.

“Há exemplos internacionais como as escolas secundárias da Coreia do Sul em que o setor privado, a indústria, inclusive a indústria de ponta, participou não só do desenho instrucional de cursos de Ensino Médio, mas mesmo da gestão desses cursos com uma parceria público privada que gerou altíssima empregabilidade em setores interessantes para os jovens”, afirma Costin.

Para a especialista, o “Senai é um exemplo e seria uma pena perder todo esse aprendizado acumulado pela instituição”. Desde o período de transição do governo federal, no ano passado, a nova administração do país tem prometido executar cortes de 30% a 50% nas verbas repassadas a instituições do sistema S, do qual faz parte o Senai.

Ao todo, no Brasil, o Senai mantém 541 escolas de todos os estados e no Distrito Federal, que registraram mais de 2,3 milhões de matrículas, em 2017. A instituição, calcula, porém, que casos os cortes sejam realizados, 162 escolas terão de fechar as portas.

A diretora da FGV defende o Senai já que, segundo ela, a instituição “tem um papel extremamente importante para o Brasil”. Desde a criação na época do Getúlio Vargas, o serviço “virou um centro interessante de qualificação dos trabalhadores, que é reconhecido no mundo todo, citado como referência pela OIT”, analisa Constin.

“No desenho instrucional dos cursos, os eventuais futuros empregadores têm um papel. Não é um curso técnico desvinculado das necessidades de desenvolvimento nacional”, conclui Constin.

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