Dino disse que vê semelhança na eleição do futuro presidente
AQUILES EMIR
Em entrevista concedida aos jornalistas Josias de Sousa e Leonardo Sakamoto, do portal UOL, nesta segunda-feira (29), o governador Flávio Dino (PCdoB) disse que está aumentando o seu acervo de santos para rezar mais pelo Brasil, pois teme pelo que virá, a partir de 2019, com o início do governo de Jair Bolsonaro (PSL), que foi eleito neste domingo (28) presidente da República.
Dino disse que vê semelhança na eleição do futuro presidente como a de Fernando Collor de Melo, em 1989, pois ambos se agarraram na fraqueza dos respectivos governos, Michel Temer e José Sarney, ambos do MDB, para fazerem uma pregação conservadora, se apresentarem como salvadores da pátria, por isto vêm com incerteza o futuro do país.
Perguntado sobre como analisa as propostas de Jair Bolsonaro de aumentar o Bolsa Família, inclusive criando um 13º pagamento do benefício, e outras medidas sociais anunciadas na campanha, que poderiam levá-lo a ser admirado pelos nordestinos e com isto passar a dominar os votos da região, hoje sob domínio do PT, o governador disse que isto só seria possível se o presidente demitisse o seu provável ministro da Fazenda, Paulo Guedes, antes da posse.
Para ele, é praticamente impossível um governo desenvolver programas sociais como os criados pelos governos petistas e que Bolsonaro pretende ampliar e melhorar, tendo à frente da economia um ministro que só pensa em controlar o déficit primário, isto é, controlar gastos.
O governador disse ainda que vê com preocupação também a intenção do novo presidente de tornar as ações do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) como atos de terrorismo, pois, no seu entendimento, é preciso se que respeite as instituições dos menos favorecidos da mesma forma que se trata, por exemplo, as instituições do grande empresariado.
Para ele, caso o presidente mantenha suas posições contra outros segmentos sociais é possível que em pouco tempo os brasileiros passem a ver que fizeram uma péssima escolha. Para ele, os maranhenses tomaram a posição certa, já que o candidato Fernando Haddad (PT) teve mais de 73% dos votos válidos no estado.
Lula – Na entrevista Flávio Dino praticamente se colocou como uma alternativa do campo das esquerdas para as futuras eleições. Sobre a situação do seu partido, disse que basta a legenda encontrar outro partido de sua linha para que haja uma fusão e passe a atender as exigências da cláusula de barreira, que não foi alcançado na eleição deste ano e por isto deverá ficar, a partir de 2019, sem fundo partidário, fundo de campanha e tempo de rádio e televisão.
O governador voltou a defender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que ele considera um “perseguido político”, já que teria sido condenado de forma injusta, e isto, segundo ele, vai ficar provado quando do julgamento do mérito, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF).