Neste sábado (30), em evento marcado para às 16h, na Praça Maria Aragão, o governador Flávio Dino assina, neste sábado (30), projeto de lei que concede pensão especial ao líder camponês Manoel da Conceição, lesionado por ação policial no período em que o Brasil era governado por uma junta militar. Na oportunidade, a médica que dá nome à praça onde o evento será realizada também será homenageada, assim como o jornalista e poeta Bandeira Tribuzi, ambos já falecidos, e que eram adeptos do comunismo.
O evento, conforme já anunciado pelas redes sociais, é uma resposta ao presidente Jair Bolsonaro, que este ano determinou a leitura de ordem do dia com menções ao ato militar de 31 de março de 1964. A ordem do dia, assinada pelo ministro da Defesa, Azevedo e Silva, e os comandantes militares Almirante Ilques Barbosa Júnior (Marinha), General Edson Pujol (Exército) e Brigadeiro Antônio Bermudez (Aeronáutica), foi lida nesta sexta-feira (29) em quarteis de todo o país.
O Projeto de Lei pretende garantir reparações ainda possíveis a uma das vítimas das graves violações de direitos humanos deixados por governos autoritários que marcam a História até os dias atuais, vigente de 1ª de abril de 1964 até 1985, com a retomada de presidência via eleição. A intenção da medida é, ainda, destacar o compromisso do Governo do Maranhão com direitos fundamentais e em prevenir a ocorrência de novas violações.
Natural de Pedra Grande (MA), Manoel da Conceição esteve engajado na luta camponesa desde a juventude. Em 1968, quando era presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Pindaré-Mirim, foi alvejado com três tiros de revólver no pé esquerdo e dois tiros de fuzil no pé direito, em uma ação da Polícia Militar do Estado. Sem os cuidados ideias, Manoel acabou sendo submetido à amputação da perna direita.
Conforme Relatório da Comissão Nacional da Verdade, Manoel Conceição Santos foi vítima de oito prisões ilegais entre os meses de fevereiro e setembro de 1972, bem como submetido à tortura no Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI).
Outras homenagens – Na ocasião, o governador Flávio Dino prestará homenagens em frente ao busto de Maria Aragão. Nascida em 1910, na cidade de Pindaré-Mirim, Maria Aragão se formou em Medicina no Rio de Janeiro, mas preferiu exercer a profissão no Maranhão, onde atuou, principalmente, com atenção à saúde da mulher e de pessoas mais humildes.
Em razão dos posicionamentos políticos, foi presa várias vezes, torturada com agressões físicas e psicológicas e perseguida pela ditadura militar. Maria Aragão morreu em 1991.
Em seguida à solenidade, o governador se desloca até a Praça Deodoro, onde está o busto do jornalista Bandeira Tribuzi, também homenageado. Poeta, músico, escritor, caricaturista, Tribuzi nasceu em São Luís em 1927. É reconhecido por ter introduzido o Modernismo no Maranhão e autor do poema Louvação a São Luís, que se tornou hino da capital maranhense. De formação humanística, o jornalista de ideologia libertária também foi preso durante o período ditatorial.
Tribuzzi foi também um dos maiores colaboradores do governo de José Sarney, tendo elaborado os planos da área econômica. Junto com Sarney, fundou o jornal O Estado do Maranhão.