Juiz diz que contrabando do Suriname não era para abastecer um “Zé de Quitanda”

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AQUILES EMIR

O juiz Ronaldo Maciel, da 1ª Vara Criminal de São Luís, que nesta terça-feira (13) encaminhou para a Justiça Federal o processo sobre as investigações dos desvios de mercadorias descobertos pela polícia civil no final de fevereiro, em entrevista concedida ao jornalista Osvaldo Maia, apresentador do programa Passando a Limpo da Difusora AM, declarou nesta quarta-feira (14) que, pelo volume de cargas e pelo seu valor avaliado, esse contrabando não era para abastecer o “Zé de Quitanda”, ou seja, insinuou que pessoas poderosas do ramo do varejo estejam na outra ponta dessa transação.

Maciel, que não quis revelar quem seriam outros envolvidos, além de policiais civis e militares e do vice-prefeito de São Mateus Rogério Garcia que já estão presos, mas garantiu que pessoas muito poderosas, tanto do serviço público quanto da iniciativa privada, participam desta organização criminosa, e que cabe agora à Polícia Federal investigar e à Justiça Federal decretar prisões e julgar os crimes. Leia mais aqui.

Maciel disse que desde o primeiro momento desconfiou que algo estava errado com esse processo, pois só havia denúncias contra os primeiros envolvidos, dentre eles o delegado Tiago Bardal, mas preferiu pedir um laudo pericial do Instituto de Criminalística (Icrim), e este veio inconcluso. Ainda assim, decidiu acatar os pedidos de prisões preventivas a fim de não prejudicar o andamento das investigações.

A decisão de encaminhar o caso à Justiça Federal se deu após receber o resultado de um laudo solicitado à Polícia Federal, sobre os códigos de barra das mercadorias, quando ficou caracterizado que se tratava de produtos vindos de outro país, ou seja, crime internacional, sendo este de competência da PF e JF.

Maciel, quando manifestou-se sobre os destinatórios dessas mercadorias, principalmente uísque e cigarros, disse que pela quantidade da carga e élo valor avaliado, mais de R$ 100 milhões, fica evidenciado que os compradores não eram pequenos comerciantes, mas empresários de grande poder aquisitivo.

Ele exemplificou sus suspeição dizendo que jamais toda essa operação atendia o “Zé da Quitanda” ou donos de mercarias de uma trizidela numa pequena cidade do interior. O juiz também não quis adiantar quem são os deputados e o secretário do Governo do Estado que participam da organização, como manifestou Rogério Garcia, num áudio que foi veiculado por algumas emissoras de rádio e está disponível nas redes sociais. Disse apenas que gente muito importante está envolvida.

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Juiz Ronaldo Maciel diz que gente graúda participa da organização criminosa

A quadrilha foi desbaratada no final de fevereiro, numa operação comandada pessoalmente pelo secretário de Segurança, Jefferson Portela.  Foram presos, como envolvidos no esquema o coronel Reinaldo Elias Francalanci, soldado Gleydson da Silva, o soldado Patrik Martins e o tenente Aroud João Padilha Martins, o tenente-coronel Antônio Nunes Araújo, o ex-vice-refeito de São Mateus,  o delegado Thiago Bardal , ex-superintendente de Investigação Criminal) e o advogado Ricardo Bello (que já foi beneficiado por habeas-corpus).

Bardal e Bello foram presos porque se encontravam nas proximidades do local em que a quadrilha armazenava a carga, em horário suspeito, por volta da meia-noite, quando a operação estava sendo realizada.

Sobre o deputado Raimundo Cutrim (PCdoB), que sempre questionou sua atuação nesse caso, chegando ao ponto de ameaçá-lo de denúncia no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o juiz disse que a única coisa que lamenta foi o fato dele ter suspeitado de sua conduta, mesmo conhecendo sua trajetória como magistrado.

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