Denúncias sobre pressão a prefeitos são queixas contornáveis

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AQUILES EMIR

Pela primeira vez alguém do Palácio dos Leões decidiu analisar as denúncias feitas por seis deputados da base aliada sobre o uso das ações do Estado por troca de apoio político a secretários do governo que vão disputar a eleição deste ano. Numa entrevista a O Imparcial, publicada neste domingo (18), o secretário de Comunicação e Assuntos Políticos, Márcio Jerry, disse que são queixas “contornáveis”, sem entrar no mérito da questão.

Há duas semanas, o deputado Raimundo Cutrim, que é do mesmo partido do governador, o PCdoB, listou, da tribuna da Assembleia Legislativa, quatro municípios – São João do Caru, Bom Jardim, Olinda Nova e Pindaré-Mirim – como exemplos de onde os prefeitos estariam sendo pressionados por secretários estaduais a darem apoio eleitoral para que pudessem receber obras do governo.

A denúncia foi endossada por outro deputado da base aliada, Vinícius Louro (PR), que disse estar havendo um loteamento da região do Mearim para eleger auxiliares do governador, e a conquista desses espaços se dá com promessas e/ou execução de obras.

Além destes, Josimar do Maranhãozinho(PP), Stênio Rezende (DEM), Júnior Verde (PRB) e Sérgio Frota (PSDB) fizeram coro na sessão seguinte do parlamento, relatando situações semelhantes às detalhadas por Cutrim. Josimar chegou a citar o secretário de Agricultura, Márcio Honaiser (PDT), como um dos que mais assediam os prefeitos, e usa como estratégia para desgastar os deputados aliados escalando lideranças comunitárias para falar mal dos deputados governistas e dos prefeitos apoiados por eles.

Honaiser, segundo Josimar, estaria trocando tratores, máquinas, equipamentos e sementes, obtidas por meio de convênios com o governo federal, pelo apoio de gestores municipais.

Cutrim chegou a pedir uma investigação do Ministério Público, pois considera esses fatos, considerados “graves”, crimes eleitorais. Já o deputado Josimar do Maranhãozinho chegou a ameaçar romper com o governo se essas práticas não cessarem.

Na entrevista a O Imparcial, quando indagado como como o governo vai agir para acalmar “possíveis descontentamentos de deputados em razão das ações nos redutos deles”, Jerry, que, além de secretário é presidente da executiva estadual do PCdoB, minimizou a gravidade das denúncias e as consequências da insatisfação.

Para ele, “as divergências que aparecem são normais, expressam as tensões pré-eleitorais, mas todas absolutamente contornáveis”, ou seja, o secretário não enxergou nenhuma anormalidade o fato de parlamentares governistas denunciarem o governo de estar leiloando espaços políticos em troca de obras, o que reforça a tese de Raimundo Cutrim de que o assunto deve mesmo motivar ação do Ministério Público.

Ainda na entrevista, o secretário disse que o PCdoB terá apenas dois candidatos a deputado federal e evitou cantar vitória fácil de Flávio Dino, que ele chamou de “grande líder”, sobre Roseana Sarney: “um governo que os maranhenses aprovam e por isso mesmo tenho plena convicção, reelegerão…”

 

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