Separatistas da Catalunha ficam com 70 das 135 cadeiras do parlamento

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Após uma crise institucional sem precedentes na Espanha, os partidos separatistas da Catalunha venceram nesta quinta-feira (21) as eleições antecipadas na comunidade autônoma, mas por uma maioria bastante estreita. Apesar de nenhum dos três movimentos pró-independência ter sido o mais votado pelos catalães, eles podem, juntos, garantir o controle do Parlamento regional.
Com 97,47% das cédulas escrutinadas, a lista de centro-direita Juntos pela Catalunha, do presidente destituído Carles Puigdemont (foto), que está no exílio na Bélgica, conquistou 21,77% dos votos, o que lhe garante 34 assentos no Parlamento.
Já o partido Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), liderado por Oriol Junqueras, que está preso por “rebelião”, tem 21,51% (32 cadeiras). Somando com os quatro assentos (4,47% dos votos) da sigla separatista de esquerda Candidatura de Unidade Popular (CUP), os separatistas terão 70 das 135 cadeiras no Parlamento regional, apenas duas a mais do que o necessário para garantir a maioria.
Por outro lado, o partido mais votado é o conservador Cidadãos (CS), com 25,47%, que deve ter 36 cadeiras no Legislativo. Já o Partido dos Socialistas da Catalunha (PSC), que era a favor do plebiscito de independência, mas não da separação, terá 17 (13,93%).
Em seguida aparece o Catalunha em Comum (CatComú), movimento da prefeita de Barcelona, Ada Colau, que também foi contra o rompimento unilateral com a Espanha, embora tenha apoiado a consulta popular separatista. Com 7,46% dos votos, o CatComú terá oito cadeiras.
Por fim, o Partido Popular (PP), do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, pagou o preço da repressão da polícia nacional contra participantes do plebiscito e tem apenas 4,25% dos votos, o que lhe dará somente quatro assentos no Parlamento.
Crise – As eleições na Catalunha foram antecipadas após o governo da Espanha ter acionado o artigo 155 da Constituição por causa da declaração unilateral de independência aprovada em outubro, resultado do plebiscito do dia 1º do mesmo mês.
Por meio desse instrumento, Madri dissolveu o Parlamento regional e destituiu o então presidente da comunidade autônoma, Carles Puigdemont, e seu vice, Oriol Junqueras, além de todos os secretários regionais.
Desde então, a Catalunha está sob administração espanhola. Madri também iniciou uma cruzada nos tribunais contra os idealizadores do plebiscito, que culminou na prisão de Junqueras, de outros membros do governo regional e de líderes de movimentos pró-independência, acusados de “rebelião”.
Já Puigdemont, para escapar da cadeia, se autoexilou na Bélgica com quatro ex-secretários e lá permanece até hoje. No cenário atual, o líder do segundo partido mais votado, Junqueras, está preso, e o do terceiro, Puigdemont, exilado. Embora denunciados, eles não foram impedidos de disputar as eleições regionais.
Como os separatistas desconfiam de Madri, a contagem dos votos também foi feita pela Assembleia Nacional Catalã (ANC), entidade da sociedade civil até pouco tempo atrás presidida por Jordi Sánchez, um dos presos sob acusação de rebelião – ele também é o “número 2” na lista de Puigdemont nas eleições.
O novo governo deve ser empossado em janeiro de 2018, mas ainda resta muita incerteza sobre qual será a relação da região com Madri, após a crise institucional que abalou o país em 2017.
(Opera Mundi)

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