Carlos Gaspar faz um balanço positivo de sua gestão na Academia Maranhense de Letras

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Mandato encerra este mês com a posse do novo presidente

AQUILES EMIR

Às vésperas de deixar o comando da Academia Maranhense de Letras, o escritor e empresário Carlos Gaspar, em entrevista exclusiva à revista Maranhão Hoje, que está nas bancas, faz um balanço altamente positivo de sua gestão, tanto no que se refere à administração propriamente dita quanto pelas iniciativas para motivar a atividade intelectual dos acadêmicos. Segundo ele, nem se pode dizer que foi um mandato de dois anos porque boa parte desse período foi prejudicada pelas medidas restritivas impostas para enfrentamento da pandemia de covid-19, crise que foi agravada com a perda de cinco membros da instituição.

Analisando pela sua visão de empresário, que considera ter sido essa experiência fundamental para tomada de decisões, Carlos Gaspar diz que hoje a Casa de Antônio Lobo tem balanço real do seu patrimônio, de suas receitas, ou seja, um ambiente bom para trabalhar. Para ele, neste aspecto o sucessor não vai encontrar nenhum problema para seu gerenciamento.

Quanto à atividade intelectual, comemora o programa para lançamento e reedição de livros, estimulado pela Lei de Incentivo à Cultural, como uma das melhores contribuições ao trabalho dos seus membros.

Confira alguns trechos da entrevista:

Que balanço o senhor faz de sua gestão à frente da Academia Maranhense de Letras?

– Eu vejo da seguinte maneira: na verdade, eu não tive dois anos de mandato porque as medidas restritivas para enfrentamento da pandemia de coronavírus tomaram um bom tempo desse período, eu me vi muitas vezes sozinho, os confrades nem sempre podiam atender às solicitações, missões, encargos… de maneira que eu senti muitas dificuldades, mas ainda assim, com minha determinação pessoal, e com apoio de dois ou três confrades, levei avante muitos programas que havia pensado implantar, com a vivência que eu tenho na Academia, cujo ambiente eu já tinha ideia do que iria enfrentar, e assim fui tomando as minhas medidas na proporção que eu ia avançando nas realizações de uns e de outros projetos.

E o senhor destacaria que realizações com as mais importantes?

– Eu diria que a mais importante foi arrumar a Casa, que eu não consegui pôr uma estrutura nova porque é muito difícil, pois é uma estrutura carcomida. Se o novo presidente, que terá condições para fazer, não se propuser a operar uma mudança na estrutura, a Academia vai ficar sempre atrás em tudo. Ela precisa mudar, se profissionalizar para ter independência financeira, para ter agilidade nas suas ações, para estar sempre renovada, e se não se profissionalizar vai ser isso, não consegue formar equipe, tampouco encontrar alguém para trabalhar.

Quanto à valorização dos trabalhos dos acadêmicos, o que o senhor destacaria?

– Nós estivemos sempre abertos no relacionamento com todos os acadêmicos. O fato de termos usado a revista (publica interna sobre as ações da AML) como instrumento de divulgação da Casa também serviu de instrumento de divulgação literária dos acadêmicos e isto colocou a diretoria muito mais próxima dos membros da instituição. Também conseguimos imprimir, fosse lançamentos ou reedição, livros de autoria dos acadêmicos. Acho que poucas vezes um presidente esteve tão próximo, objetivamente, dos acadêmicos. Vale destacar também as várias sessões online, com participação dos que moram fora do Maranhão, que nunca tinham participado de uma reunião, e isto eu destaco como uma mudança de hábitos a que nos vimos obrigados a nos adaptar, por conta da pandemia, pois isso nos aproximou e nos pudemos conhecer melhor uns aos outros.

Como foi esse programa de lançamentos e reedições de livros dos acadêmicos?

– A Academia se habilitou a participar dos benefícios da Lei de Incentivo à Cultura, e a Equatorial (distribuidora de energia elétrica) financiou o nosso projeto para edição e reedição de livros, e assim quem tinha livro pronto para publicar ou que gostaria de reeditar uma obra sua, se apresentou, a comissão avaliou e aprovou os trabalhos que foram encaminhados. Quero destacar que todos foram atendidos, não havendo nenhum confrade que tenha deixado de ser atendido. Com isso, a Academia também formou seu estoque de livros, pois fizemos um acordo que uma parte iria para o autor, outra para os financiadores e a terceira para as livrarias. Foram ao todo 21 livros, todos disponíveis à população.

Durante esse período da pandemia como foram as reuniões da Academia?

– Quase todas as reuniões foram a distância, com exceção das que, pela sua natureza, exigia a presença dos participantes, como eleição e outras. Vale ressaltar que para viabilizar isso, foi fundamental o apoio da Universidade Federal do Maranhão, que por iniciativa do seu reitor, Natalino Salgado, que é acadêmico, criou a estrutura para essas reuniões.

Nesse tempo que o senhor esteve na presidência houve muitas perdas, com mortes de acadêmicos. O que isto representou para a Casa?

– Foi um impacto muito grande porque perdemos pessoas muito queridas. Nunca passou pela minha cabe que em tão curto espaço de tempo fôssemos perder cinco confrades, mas a Academia vive da imortalidade, por isto vão estar sempre na nossa lembrança. Já substituímos quatro, estando dois empossados, e o quinto será eleito na nova gestão.

A sua experiência de empresários contribuiu muito para sua gestão numa Casa de intelectuais?

– Eu diria que contribuiu em termos de gestão, mas foi vista como uma certa frieza por alguns, e eu diria que foi por falta de flexibilidade, e isto causou de certo modo um mal estar, porém acho que a Academia ganhou com isto, pois conta hoje com um balanço que há 20 ou 30 anos não existia, e agora está tudo organizado.

Como o senhor entrega a Academia para o sucessor?

– É natural que todos achem ao encerrarem um ciclo de mandato achem que entregam ao sucessor algo melhor do que recebeu, então acho que entrego melhor, sem querer desmerecer nenhum antecessor, até porque eu sei que meu sucessor vai entregar melhor do que achou. No que diz respeito a gestão, organização, finanças… está bem melhor. Minha experiência de empresário prevaleceu .

O que o senhor gostaria de ter feito e não fez?

– Eu queria comprar uma casa nova para academia, em frente à sua sede (Rua da Paz, Centro Histórico de São Luís), que seria um espaço para as pessoas conhecerem a Casa. Quase ninguém conhece, por exemplo, a biblioteca da Academia, quem passa ali nem sabe que existe, muitos nem sabem que ali é a Academia. Não seria lugar de pesquisa,  de aulas para, mas um ambiente cultural, aberto para a sociedade.

Confira na íntegra a entrevista concedida com exclusividade para Maranhão Hoje.

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