
Estada está pronta para escoar produção do agronegócio
Por muitas vezes no governo passado sua inauguração chegou a ser anunciada, chegando-se até a estimar que seria antes do início da campanha eleitoral, porém somente nesta quinta-feira (25), sem nenhum alarde foi dada por concluída a Ferrovia Norte-Sul. Iniciada há 36 anos, ainda no governo do presidente José Sarney, seu traçado corta cinco regiões do país: Nordeste, Norte, Centro-Oeste e Sudeste.
Do seu anúncio até hoje, já passaram pela Presidência da República, José Sarney, Fernando Collor de Melo, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso (duas vezes), Lula (duas vezes), Dilma Rousseff (duas vezes), Michel Temer, Jair Bolsonaro e agora Lula, pela terceira vez, portanto todos eles podem se apresentar como executores do projeto.
A conclusão deu-se com o fechamento da ligação do trecho entre Palmeiras de Goiás e Goianira, no interior de Goiás, totalizando 2,2 mil quilômetros de trilhos, de Açailândia (MA) a Estrela d’Oeste (SP).
Embora não haja ainda definida a data, uma inauguração oficial deve ocorrer em breve, “mas não deixa de ser irônico uma obra de proporções faraônicas ser concluída de forma tão discreta, sem discursos ufanistas como da época em que foi anunciada”, como destacou o jornalista José Eduardo Barella, do portal Neofeed.
O projeto original tinha 4.155 quilômetros de extensão, saindo do porto de Itaqui (MA), numa conexão com a Carajás, até o porto de Rio Grande (RS), o que explica o nome dado à ferrovia. Mas uma sucessão de atrasos, escândalos de corrupção e falhas bisonhas de projeto – como bitola de trilhos diferentes em alguns trechos – motivaram a mudança para um novo trajeto, definido em 2008.
Com essa conclusão, vai ser possível a ligação, por trilhos, de dois dos mais importantes porto do Brasil, Santos, em São Paulo, e Itaqui, no Maranhão, pois na cidade de Açailândia, no oeste maranhense, ela se interliga à Ferrovia Carajás, atingindo a capital maranhense.
Ainda no Maranhão, ela será interligada a duas outras três ferrovias já autorizadas para o estado, a de Alcântara a Açailândia, a de Balsas a Porto Franco e a de Açailândia a Barcarena, no Pará. No Centro-Oeste, receberá a Estrada de Ferro Centro-Oeste da Bahia (EFCOB) e a Ferrovia de Integração Centro Oeste (Fico), que liga o Mato Grosso a ela.
O impulso econômico em logística, infraestrutura e investimentos que a ferrovia deverá levar à Região Centro-Oeste, no entanto, é o maior trunfo desse projeto que – mesmo encurtado pela metade – mantém uma grandiosidade que lembra uma Transamazônica sob trilhos.
O vice-presidente de Regulação e Expansão da Rumo, empresa que opera o maior trecho da concessão, de 1.537 quilômetros, entre Porto Nacional (TO) e Estrela d’Oeste (SP), Guilherme Penin, destaca a importância dessa estrada de ferro para impulsionar a economia do Centro-Oeste.
“A Ferrovia Norte-Sul representa um sonho antigo para a infraestrutura logística brasileira, .principalmente quando olhamos para a Malha Central, que acaba de ter as obras concluídas”, disse a a Eduardo Barelli.
Ainda de acordo com o dirigente da empresa, “a tendência é de uma atração de investimentos, que resultará em ganho de escala na oferta de produtos, mais oportunidades de emprego e maior participação econômica de estados como Goiás e Tocantins.”
A partir de agora, três estados sem saída para o litoral (Goiás, Tocantins e Minas Gerais) passam a escoar sua produção de grãos e outras cargas por meio de duas interconexões ferroviárias, ao norte e ao sul, para os portos de Itaqui (MA) e Santos (SP).
A VLI, empresa controlada pela mineradora Vale, opera a outra concessão, um trecho de 720 quilômetros entre Açailândia (MA) e Porto Nacional (TO).
(Com informações do Neofeed)
