
LIDO, VISTO E OUVIDO
Numa manhã bem cedo de 1969, a Junta Militar no poder e o jornalista Sebastião com seu mandato de deputado federal cassado, mas trabalhando em jornal e TV. No Rio de Janeiro, ameaçado de prisão por ter feito contundente artigo com crítica ao Marechal Eurico Gaspar Dutra, ex-presidente da República, ele recebe um telefonema do colega e amigo jornalista Tarcisio Holanda.
– Nery, saia de casa agora, não fale com ninguém e vá urgente para o Palácio do Monroe, na Cinelândia. O senador Victorino Freire está esperando você lá.
Nery obedece e vai ao encontro do senador pelo Maranhão e encontra Victorino já entrando no carro para sair:
– Sebastião, me espere no gabinete do senador Dinarte Mariz. Tranque-se lá dentro e não abra para ninguém, nem para ele. Volto já.
Nery, com o coração aos pulos, obedece. Duas horas depois, chega Victorino:
– Pode ir. Não vai mais ser preso, mas nunca mais conte histórias contra o general Dutra. Depois de Caxias, o sinônimo do Exército brasileiro é ele. A floresta tem tanto bicho, para que então mexer logo com o leão?