O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula, propôs, nesta quinta-feira (22), a suspensão de cirurgias eletivas (que não são urgentes) em instituições públicas e privadas por 60 dias para tentar reduzir a sobrecarga hospitalar provocada pela Covid-19. A sugestão integra uma lista com 11 medidas urgentes para conter a crise sanitária, apresentada por ele na manhã desta quinta (dia 22) em audiência pública realizada no Senado.
Lula afirmou que o número de casos da doença está estabilizado num patamar muito alto, com alta pressão no sistema hospitalar e com risco de desabastecimento de medicamentos usados para intubação de pacientes que necessitam de assistência respiratória.
“A situação está muito grave”, afirmou. Na audiência, organizada pela Comissão Temporária Covid-19, o presidente do Conass alertou que estoques de bloqueadores neuromusculares, usados na intubação de pacientes com Covid-19 que necessitam de assistência respiratória, estão em falta ou em baixa em 22 Unidades da Federação. Nestes locais, o quantitativo é suficiente para até 10 dias.
Lula citou ainda dados de mortalidade e de internação para reforçar a urgência de medidas por ele propostas. Dados reunidos pelo Conass mostram que, nos últimos 14 dias, 24 estados apresentaram aumento da mortalidade por Covid-19. Em 13 Estados, a taxa de ocupação de leitos UTI-Covid está acima de 90%. “Como prevíamos, houve uma redução do número de casos nos últimos dias. Mas foi menor do que se esperava”, disse aos senadores. Para o presidente do Conass, não há perspectiva a curto prazo de redução dos casos.
Diante desse cenário, Lula afirmou ser essencial vacinar mais e mais rápido. O presidente do Conass, que é secretário de Saúde do Maranhão, ressaltou ainda a importância da união nesta tarefa. “A gente tem de ir atrás das vacinas, unidos”, afirmou, numa referência a relevância da conjugação de esforços entre Ministério da Saúde, secretarias municipais e estaduais de Saúde. Entre as alternativas, estaria a de buscar excedentes de imunizantes em outros países.
Durante sua participação, o presidente do Conass apresentou dados que mostram a rapidez dos Estados na distribuição das vacinas contra Covid. “Todas as doses foram distribuídas. É falsa a informação de que as doses não estão sendo aplicadas.” Lula lembrou que é tarefa do Estado fazer a distribuição de imunizantes adquiridos pelo Ministério da Saúde. Cabe às secretarias municipais aplicar as doses na população.
Nos últimos dias, circularam informações incorretas de que o ritmo da imunização estaria abaixo do que seria considerado ideal. O presidente do Conass observou que, de acordo com diretrizes traçadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), 5% do quantitativo distribuído é destinado à reserva técnica. Além disso, há necessidade de se reservar um percentual para aplicar a segunda dose do imunizante. Por fim, os números apresentados no sistema de informação de doses aplicadas, administrado pelo Ministério da Saúde, estão defasados, em virtude de falhas no sistema e conectividade.
Lula frisou também a necessidade de aporte de recursos extras, sobretudo para o financiamento da assistência hospitalar. “Os números estão muito acima do que os reunidos na primeira onda. Nunca se gastou tanto.” O presidente do Conass recordou que a solicitação de verbas para assistência hospitalar é reforçada pelo conselho desde dezembro de 2020. E acrescentou que, embora o Ministério da Saúde tenha ampliado a participação, dos 28.910 leitos de UTI destinados à Síndrome Respiratória Aguda Grave e Covid em funcionamento.
Durante o encontro, Lula fez um apelo para a união entre as três esferas de governo. “É preciso ter articulação entre Estados, União e municípios”, disse. “Precisamos convergir esforços, melhorar resultados. Para alcançarmos melhores resultados, de nada adianta apontar se erramos aqui ou ali. Temos um cenário dificílimo, com escassez de vacinas”, resumiu.