
Ricardo Wagner fala a interessados em Inteligência Artificial
“A inteligência artificial tem o poder de incluir bilhões de pessoas antes excluídas”, afirmou o especialista em inovação e tecnologia Ricardo Wagner na palestra “Como a IA pode Revolucionar Negócios”, neste sábado (04), no Espaço Plenarium (Auditório Terezinha Jansen), dentro da programação da 6ª edição da Expo Indústria Maranhão, que acontece até este domingo (05), no Multicenter Negócios e Eventos (Cohafuma). A exposição reuniu empresários, executivos, pesquisadores e profissionais interessados em tecnologia e inovação, em um debate que destacou como a inteligência artificial vem transformando o ambiente corporativo e criando oportunidades para diferentes setores.
Logo no início, Wagner ressaltou que a inteligência artificial não deve ser encarada como um fim em si mesma, mas como uma ferramenta para criar soluções mais humanas, acessíveis e eficientes, ideia que ele tem enfatizado em entrevistas. Segundo o especialista, embora grandes corporações já utilizem IA de forma ampla, muitas pequenas e médias empresas ainda enfrentam desafios para adotar a tecnologia, seja por barreiras culturais, estratégicas ou de infraestrutura. Para ele, o verdadeiro poder da IA está em sua capacidade de ampliar o potencial humano e tornar negócios mais inteligentes e sustentáveis.
Enquanto parte da sociedade encara a inteligência artificial (IA) com desconfiança e temor, há quem prefira enxergar nesse avanço tecnológico uma oportunidade sem precedentes de inclusão e progresso humano. Para Ricardo Wagner, o otimismo diante da revolução da IA não é ingênuo, mas fundamentado em exemplos reais de transformação social. “Eu sou uma pessoa otimista por natureza”, afirmou Wagner em entrevista pouco antes da palestra.
“Mas eu vou dizer o porquê: quando a inteligência artificial começou a mostrar o seu real valor, em meados de 2010 e 2013, com o avanço do aprendizado profundo, o chamado deep learning, foi o momento em que a tecnologia passou a ter uma capacidade de cognição semelhante à humana”, continuou.
Segundo ele, essa evolução permitiu que computadores aprendessem a ver, ouvir e conversar como pessoas. “Serviços cognitivos de visão, fala, conversa, julgamento e sentimento começaram a entrar em prática. E isso já era uma baita revolução”, lembrou o especialista.
O ponto de virada, no entanto, veio quando a tecnologia começou a ampliar o acesso e a autonomia de pessoas com deficiência. Wagner recordou os primeiros casos de aplicação prática:
“Quando uma pessoa surda oralizada assistiu a uma apresentação com legenda gerada por inteligência artificial, ela que estava excluída ficou incluída. Quando uma pessoa cega usou um aplicativo de reconhecimento de imagem, que descrevia o ambiente com a câmera do celular, ela ganhou independência”.
Transformação – Esses exemplos, diz ele, foram decisivos para reforçar sua crença no potencial transformador da IA.

“Ali eu percebi uma oportunidade de incluir 1,3 bilhão de pessoas com deficiência que hoje ainda estão fora do mercado de trabalho e de consumo. Enquanto muitos se preocupam com o que a IA pode fazer de ruim, poucos estão atentos à quantidade de pessoas que ela pode incluir nessa nova era”, ponderou.
Wagner também reflete sobre o histórico temor humano diante das máquinas, um sentimento que, segundo ele, acompanha a humanidade desde as primeiras competições entre homem e computador, como a célebre disputa entre o enxadrista Garry Kasparov e o supercomputador da IBM, nos anos 1990. “A computação tem um desafio de competir com a mais bonita máquina de computação que existe: o cérebro humano. Mas estamos longe de alcançar sua complexidade. Nosso cérebro tem mais de 80 bilhões de neurônios e consome a energia equivalente a uma lâmpada de 40 watts. Para replicar isso num data center, seria preciso energia suficiente para abastecer uma cidade como Campinas”, avaliou.
Apesar das limitações, Wagner ressalta que a IA oferece vantagens que o ser humano não possui, especialmente na capacidade de correlacionar informações e tomar decisões complexas. “O cérebro humano tem viés, opinião e julgamento que podem limitar possibilidades. O computador não tem isso. Ele consegue consultar bilhões de variáveis em segundos e oferecer a melhor resposta possível”, explicou.
Para o especialista, a IA não deve ser vista como uma competidora, mas como uma aliada poderosa na busca por soluções que a humanidade ainda não conseguiu alcançar. Entre imaginar uma competição entre humano e máquina, prefiro ver a máquina como parceira. Ela pode ajudar a resolver problemas que hoje parecem impossíveis. Ele acredita que a inteligência artificial generativa, mais recente e popularizada nos últimos anos, abre novas fronteiras para o bem.
“Ela pode nos ajudar a descobrir curas de doenças que há gerações pareciam impossíveis; a enfrentar a dependência química, a combater a pobreza e a fome. O campo está aberto para qualquer pessoa bem-intencionada usar essa tecnologia para o bem e ajudar a humanidade a resolver problemas que ainda não conseguimos superar”, disse.