Ex-presidente pode ter papel igual ao de Lula em 2018
AQUILES EMIR
Se confirmada sua prisão, como preveem e torcem seus adversários, Jair Bolsonaro poderá ter, na eleição de 2026, o mesmo papel exercido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2018, ou seja, da cadeia, liderando um movimento que pode definir a eleição presidencial. Não elegível, poderá ser companhia de luxo num palanque de direita.
Não faltarão ainda seguidores gritando “Bolsonaro livre” e candidatos prometendo, se eleitos, tirá-lo da prisão, assim defendiam candidatos de esquerda naquela oportunidade. Sem falar naqueles que podem recorrer a máscaras parecidas com as de Lula em 2028 para dizer que ele está presente.
A pesquisa do Instituto Paraná divulgada nesta quarta-feira (27) mostra que o principal adversário do presidente Lula ainda é o seu antecessor, mesmo estando inelegível e sendo bombardeado, todos os dias, o dia todo, com acusações de diversos tipos, de tentativa de golpe a roubo de joias, passando por importunação a baleias, falsificação de cartão de vacina e flerte com a extrema direita mundial, ou seja, com neofascismo.
De acordo com os números, levantados de 21 a 25 deste mês, se a eleição fosse hoje e Bolsonaro estivesse elegível, ele venceria o atual presidente com 37,6% dos votos contra 33,6% do petista. Como a margem de erro do estudo é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos, os dois pré-candidatos estariam em situação de empate técnico.
Num cenário de segundo turno, Bolsonaro vence por 43,7% contra 41,9%.
O resultado, claro, incomoda aliados do presidente, influencers e jornalistas que trabalham para criar uma imagem positiva do atual governo, pois não entendem como Bolsonaro ainda está vivo politicamente.
Michelle – A situação fica feia também quando são exibidos números de outras possíveis candidaturas pelo PL com Bolsonaro foram da disputa. Se for sua mulher, MichelLe, a candidata, num cenário de primeiro turno com Lula, ela ficaria com 27,5% e o presidente com 34,2%, nas num confronto de segundo turno, o placar seria de 42,7% contra 40,8%, ou seja, os dois estariam tecnicamente empatados.
Imaginem, então, o cenário de uma disputa entre Lula e esta mulher, adotando ela um discurso de vitimização do marido, e prometendo desagravá-lo se chegar à Presidência. Seria trabalhoso para o atual presidente, ainda mais porque não poderia (ou não deveria) ir com a mesma aoiteza verbal que exerce contra seus adversários para cima de uma mulher.
Por isto, talvez não seja uma boa ideia se manter Bolsonaro em evidência, com excessiva exposição, ainda que seja para macular sua imagem, pois o povo pode ter uma concepção diferente do que está se passando na política brasileira, diferente do que imaginam marqueteiros e especialistas.
O Paraná traz ainda uma avaliação de outros possíveis candidatos. Confira:
- Lula – lidera em cinco dos sete cenários, ficando numericamente atrás só de Bolsonaro;
- Bolsonaro – lidera contra Lula (na margem de erro) e com muita folga se o candidato do PT fosse Fernando Haddad, que registra apenas 14,5%;
- Michelle Bolsonaro – fica atrás de Lula (34,2% X 27,5%), mas ganharia com folga de Haddad (27,6% X 14,9%). Depois do marido, ela é o nome mais forte no bolsonarismo hoje;
- Tarcísio de Freitas (Republicanos) – o governador de São Paulo pontua 24,1% e ficaria em segundo lugar quando representa o bolsonarismo na disputa. Seu desempenho hoje fica abaixo do de Michelle Bolsonaro.
- Ronaldo Caiado – vai mal o governador de Goiás, com pontuação variando apenas de 3,7% a 8,9%;
- Romeu Zema – com 12,2% no cenário em que é testado, o governador de Minas Gerais ficaria em terceiro lugar (ainda que empatado tecnicamente com Ciro Gomes, que está em 2º);
- Ratinho Junior – marca 15,3% e ocupa o segundo lugar num cenário liderado por Lula. Entre os candidatos de direita não totalmente alinhados ao bolsonarismo, é quem tem o melhor desempenho;
- Ciro Gomes – o eterno candidato da faixa dos 10% agora varia de 7,9% a 17%. Hoje, conseguiria ser o 2º colocado num cenário contra Lula;
- Simone Tebet – a política do MDB varia de 7,7% a 13,5%. A dúvida é se seu partido, quem tem o DNA governista, vai lançá-la como candidata em 2026, uma vez que hoje a sigla está dentro da administração Lula (e Tebet, inclusive, como ministra do Planejamento);
- Fernando Haddad – o ministro da Fazenda foi o único nome testado como alternativa a Lula. Em dois cenários, pontuou 14,5% e 14,9% e ficou bem atrás de Bolsonaro (38,3%) e de Michelle (27,6%).
(Com informações do Poder360)