
Precisa é intermediária na venda da vacina indiana Covaxin
Apesar do desafio da diretora técnica da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, uma possível acareação dela com o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, irmão do deputado Luis Miranda (DEM-DF), pode não acrescentar muito à CPI. Essa, pelo menos, é a avaliação de senadores que se pronunciaram após a reunião desta quarta-feira (14), em que Emanuela foi ouvida.
A divergência está nas datas em que ela teria enviado invoice (nota fiscal em negociações internacionais) ao ministério da Saúde. A questão da data do documento está relacionada à reunião de Luis Ricardo e de seu irmão com o presidente da República, Jair Bolsonaro, ocorrida no dia 20 de março. No encontro, os dois teriam relatado irregularidades nas negociações da compra da vacina Covaxin. Após duas semanas de silêncio sobre o depoimento dos irmãos Miranda à CPI, Bolsonaro confirmou a reunião.
Para o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), no entanto, essa data não tem importância para provar crime de prevaricação por parte do presidente e é preciso avaliar se uma acareação acrescentaria algo relevante à CPI.
A avaliação é a mesma dos senadores Simone Tebet (MDB-MS) e Humberto Costa (PT-PE). Para Simone, o depoimento não acrescentou muito porque não era necessário para provar a materialidade dos fatos já investigados pela CPI. A senadora disse acreditar que a questão das datas seja de interesse dos governistas, que precisam tentar afastar do presidente as acusações de prevaricação.
Simone Tebet lembrou que não foram apenas Luiz Ricardo Miranda e consultor técnico William Santana que apontaram datas anteriores a 20 de março para a invoice, mas também o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, e o ex-secretário executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco. Já a depoente garantiu que o documento é do dia 22 de março. Para Simone Tebet, o governo está desesperado.
Davati – Os senadores também falaram sobre o depoimento do procurador da empresa Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Carvalho. Reportagem do jornal Folha de S.Paulo apresentou a denúncia de que o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, teria condicionado fazer negócio com a Davati em troca de propinas no valor de US$ 1 por dose de vacina.
Para o senador Marcos Rogério (DEM-RO), o depoimento é importante porque até agora não foi apresentada nenhuma prova, apenas o documento do policial militar Luiz Paulo Dominghetti, que se apresentou à CPI como representante da Davati e denunciou o pedido de propina.
O depoimento de Cristiano Carvalho foi pedido pelo senador Humberto Costa (PT-PE). Para ele, o depoimento é importante para explicar, por exemplo, qual foi o seu objetivo ao contratar Dominguetti e como seu contratado teve acesso a integrantes do alto escalão do Ministério da Saúde para vender “vacinas imaginárias”. O senador também quer saber qual é a relação da Davatti com a organização não governamental Senah, presidida pelo pastor evangélico Amilton Gomes de Paula. Segundo denúncias publicadas na imprensa, o grupo teria oferecido imunizantes para prefeituras e governos estaduais junto à Davati.
Sócio da Precisa – Os senadores também avaliaram o adiamento do depoimento de Francisco Maximiano, sócio-presidente da Precisa Medicamentos. Inicialmente previsto para esta quarta-feira (14), o depoimento foi adiado para agosto, após o recesso parlamentar. Ele seria ouvido hoje, após Emanuela Medrades, mas não houve tempo para que isso acontecesse porque o primeiro depoimento se estendeu.
Para a maior parte dos senadores ouvidos, o adiamento tem um lado negativo, já eu seria importante ouvir Maximiano na sequência do depoimento de Emanuela. Ainda assim, eles dizem acreditar que há uma vantagem: o ganho de tempo para que a CPI analise melhor os documentos antes do depoimento.
(Agência Brasil)