AQUILES EMIR
O Banco do Brasil pode suspender, em definitivo, a partir de 15 de fevereiro, os financiamentos para compra de veículos no Maranhão, pois está decidido a não pagar a taxa de R$ 300,00 imposta pela Infosolo, empresa credenciada pelo Departamento de Trânsito (Detran) para proceder o registro eletrônico desses contratos. A informação é do superintendente regional da instituição, Ingo Kobarg, para quem haverá uma grande perda de receita de ICMS no estado caso os outros bancos e financeiras adotem o mesmo procedimento e isto pode trazer também sérias consequências para as revendedoras de autos, já que cerca de 80% das vendas são por financiamento bancário ou consórcio.
O Detran, por sua vez, diz que está apenas obedecendo uma norma do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que passou a exigir, a partir deste ano, o registro eletrônico de todos os contratos de financiamento e para a execução do serviço abriu licitação que teve a Infosolo como vencedora. De acordo com o órgão, as instituições financeiras serão obrigadas a se cadastrarem junto à terceirizada para os registros de seus contratos, porém a fixação da taxa cobrada por cada contrato não é atribuição sua, mas uma negociação entre a Infosolo, bancos e financeiras.
Sobre o valor cobrado para o registro de contrato de financiamento, o chefe da Comissão Setorial de Licitação (CSL) do Detran-MA, Rorício Vasconcelos, esclarece que a taxa permanece a mesma cobrada anteriormente, R$ 95,02. “O valor que a empresa credenciada Infosolo Informática cobrará pelo serviço ora executado será de livre negociação com as empresas financiadoras. Não cabendo ao Detran interferir e estabelecer o valor do serviço, que se adequará pelo livre mercado”, afirmou em nota de esclarecimento do órgão. Em resumo, a soma das taxas vai para R$ 495,02.
O superintendente do BB diz que o seu banco jamais pagará pelo registro de contratos e se a Infosolo quiser cobrar a taxa do comprador do veículo, e este aceitar, o financiamento será feito. Kobarg diz ainda que em outros estados onde tentaram implantar essa modalidade de cobrança houve uma reação de todas as instituições financeiras, obrigando os Detrans a recuarem, para não se criar um prejuízo à economia local.
Por outro lado, o gerente da cooperativa de crédito Sicoob, Gilberto Leda, diz que, por decisão dos conselheiros da entidade, os financiamentos vão continuar, porém o cliente será alertado de que sobre o valor simulado será acrescida a taxa de R$ 300,00 cobrada pelo Infosolo. Isto significa dizer que se o veículo pretendido custar R$ 50.000,00, o seu financiamento em quatro anos, sem a taxa, passará a custar R$ 71.757 e com a taxa, R$ 72.187. Caso o mesmo veículo seja financiado em 60 vezes, o seu valor, sem a taxa, sobe para R$ 77.566, e com a taxa, para R$ 78.031.
Financiamento – Segundo Ingo Kobarg (foto), para se saber qual será o impacto na economia local, se todas as empresas que operam com financiamento não se cadastrarem para o registro de seus cotratos, basta pegar o volume de vendas de um mês e subtrair 80% para ver quanto sobra.
Em São Luís, no mês de janeiro, foram comercializados 1.755 veículos, ou seja, à vista teriam sido apenas 351 carros, e este poderá ser o volume daqui para frente, caso não haja um entendimento entre Infosolo, Detran e instituições financeiras.
Kobarg diz que não tem a menor dúvida de que isto vai acabar desaguando numa transferência de negócios para outros estados, ou seja, quem mora nos municípios próximos ao Piauí, Tocantins e Pará vão continuar comprando carros financiados, mas com transações fechadas fora do Maranhão, que pode, além da perda de receita, sofrer uma diminuição na geração de empregos, pois certamente um mercado que movimenta menos de 500 unidades/mês não suporta tantas lojas de revenda.
De acordo com números da Cetip, o Maranhão encerrou 2016 na liderança do ranking de financiamentos de veículos no Nordeste e na quarta posição nacional. Entre automóveis leves, motos e veículos pesados (novos e usados), foram 95.081 financiados, enquanto somente no mês dezembro de 2016 foram 7.839. Caso fosse mantida a taxa exigida pela Infosolo e ela tivesse operado no Maranhão em 2016, o seu faturamento anual teria sido de R$ 28,5 milhões, e por mês, com base nos números de dezembro, R$ 2,3 milhões, só para registrar contratos.