Bancos suspendem financiamentos e concessionárias perdem vendas

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AQUILES EMIR

Como havia anunciado em janeiro, a Infosolo Informática, terceirizada do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), encerrou nesta quarta-feira (15) o cadastro das instituições financeiras para registro dos seus contratos de financiamento de veículos e a consequência não foi nada agradável para as concessionárias e revendedoras de seminovos, pois nenhum banco ou financeira aderiu e com isto todas as vendas a prazo foram suspensas. Caso não haja um entendimento para solucionar o problema, as consequências serão drásticas, conforme alerta do presidente do Sindicato das Revendas Autorizadas, Manoel Dias, do Grupo Alvema, que representa as marcas Fiat, Nissan e Jeep.

No início de fevereiro, o superintendente do Banco do Brasil, Ingo Kobarg, já havia alertado para a suspensão do comércio de autos via financiamento bancário, pois o entendimento das empresas do ramo financeiro é de que nenhuma irá pagar uma taxa, antes inexistente, apenas para registrar contratos. Segundo ele, caso o Detran insista em manter a Infosolo como registradora desses contratos por via eletrônica e esta empresa mantenha a cobrança as vendas de veículos no Maranhão tendem a cair consideravelmente, já que 80% delas são financiadas, e isto pode resultar ainda na transferência dessas negociações para estados vizinhos onde a taxa não é cobrada.

O empresário Carlos Gaspar, dono da Auvepar, concessionária das marcas orientais Kia, Lifan e Chery, diz que a situação é preocupante, pois este impasse pode comprometer a sobrevivência de muitas revendas, principalmente as do seu segmento, isto é, de veículos top, já que as vendas dependem em 90% do financiamento bancário. Carlos Gaspar diz que um dia de paralisação nas vendas, como foi o caso desta quarta-feira (15), já implica em prejuízos incalculáveis, e a se manter a suspensão muitas não suportarão um mês sem vendas, o que pode ocasionar fechamento de negócios e mais desemprego no estado.

Nesta quarta-feira à noite, a Associação Comercial do Maranhão fez uma reunião emergencial para tentar um acordo entre as partes envolvidas no problema.

Registro – O presidente do Sindicato das Concessionárias diz não compreender o porquê da cobrança desse registro, pois a norma do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) apenas determina que os contratos devam ser registrados eletronicamente não havendo sequer necessidade de terceirização do serviço.  Ele espera que o Governo do Estado reveja essa situação para evitar um caos no comércio de autos.  Manoel Dias, de forma irônica, diz que daqui a pouco vão cobrar pelo registro de financiamento de geladeira, de ar-condicionado, de televisão e de outros objetos vendidos a prazo.

Em nota o Detran informou que a fixação da taxa pelo registro de contratos é uma negociação livre entre a Infosolo e as instituições financeiras, pois o órgão apenas a nomeou para prestar o serviço após processo de licitação. A empresa, por sua vez, informa que baixou o valor da taxa para R$ 209,00, mas, mesmo assim, não obteve concordância de bancos.

Para que se tenha ideia da extensão do problema, ano passado, foram 95.081 contratos de financiamentos de veículos no estado, sendo que apenas motocicletas contribuíram com 50.334 contratos. Caso estivesse a taxa em vigor, a Infosolo teria faturado R$ 28,524 milhões, e, mesmo baixando para R$ 209, seu faturamento ainda seria expressivo, R$ 19,871 milhões, só para botar no computador um contrato firmado entre um banco e um comprador de carro ou moto.

Os bancos oferecem como alternativa para continuarem financiando que a terceirizada do Detran cobre a taxa do comprador, mas aí surge uma situação desigual, pois o comprador de uma moto no valor de R$ 6 mil pagará o mesmo valor do que é cobrado de uma empresa que compra um ônibus acoplado, que custa R$ 750 mil. O presidente do Instituto de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), Duarte Júnior, diz que já notificou o Detran-MA para explicar a cobrança dessa taxa.

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