Biden movimenta indústria bélica dos EUA e endivida Ucrânia ao estender conflito, diz especialista

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Especialistas dizem que EUA querem manter o conflito

A poucas semanas de a operação militar russa na Ucrânia completar um ano, a ajuda militar do Ocidente ao regime de Vladimir Zelensky segue se multiplicando. Os Estados Unidos e a União Europeia continuam distribuindo quantias bilionárias a Kiev em sinalização de que o fim do conflito por uma solução negociada não conta com o apoio ocidental.

Nos últimos dias, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Jens Stoltenberg, tem cobrado o aumento do fornecimento de armas à Ucrânia, incluindo armamento pesado, alegando que isso levaria a um caminho de paz. Essa estratégia, no entanto, contraria o que dizem analistas ouvidos pela Sputnik Brasil, que apontam que o envio de armas massivo apenas agrava o conflito e compromete a segurança na Europa.

Esse reforço sugere que uma solução negociada não é de interesse imediato do Ocidente, em especial dos Estados Unidos. Especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil explicam que os EUA querem a manutenção do conflito para tentar enfraquecer a Rússia e o governo do presidente Vladimir Putin.

Hugo Alburquerque, editor da Autonomia Literária e diretor do Instituto Humanidade, Direitos e Democracia (Ihudd), destaca que “os EUA não apenas anunciaram o envio de novos equipamentos à Ucrânia, como ainda previram mais investimento na guerra e estão pressionando países europeus a fazerem o mesmo”, em especial a Alemanha.

“Isso, em grande medida, movimenta a indústria bélica dos próprios EUA e torna a Ucrânia um país endividado, cuja eventual reconstrução será um ativo do capital estadunidense. Os objetivos dos EUA como nação são conflitantes, mas o que a administração Biden e os democratas têm é, na verdade, uma autorização da elite do seu país a tocar uma política que mira derrotar e aniquilar o presidente Putin para, em um segundo momento, colocar no poder um governo dócil aos EUA.”

Albuquerque reforça que “não há um plano claro” dos EUA e destaca críticas de analistas como Henry Kissinger, ex-secretário de Estado norte-americano.

“Falta um plano se a estratégia de Biden ‘der certo’, isto é: o que os EUA fariam a partir de uma situação de ‘vácuo de poder’ na Rússia? Não há plano para isso. O que há é a expectativa de que isso reproduza a guerra do Afeganistão com a União Soviética e a Perestroika e daí surja um novo Boris Yeltsin em Moscou”, acrescentou.

Para Valdir Bezerra, pesquisador do Grupo de Estudos sobre os BRICS (GEBRICS) da Universidade de São Paulo (USP), a manutenção do conflito por meio do financiamento do Ocidente faz parte de um plano de Washington de tentar enfraquecer a Rússia internacionalmente.

“O enfraquecimento da posição da Rússia em seu exterior próximo, e na Eurásia de um modo geral, trata-se de um objetivo geopolítico tradicional da política externa americana, o que leva autoridades em Washington a justamente auxiliarem a Ucrânia militarmente, na esperança de que os russos sejam eventualmente derrotados no campo de batalha. Com isso, vê-se cada vez mais dificultada uma solução diplomática para o conflito”, aponta o pesquisador da USP.

“Em qualquer conflito ao redor do mundo em que armamentos ou pessoal militar estadunidense tenham participação existe um interesse bastante evidente por parte do complexo militar-industrial americano pela continuidade, e o caso da Ucrânia não é exceção”, disse ainda.

Questionados sobre as chances de uma escalada nuclear do conflito em razão da provocação feita diante desse constante apoio militar, os especialistas minimizaram a possibilidade. “Por mais que essa assistência militar à Ucrânia tenha sido bastante reiterada ao longo dos últimos meses, não vejo exatamente uma pressão por parte dos americanos a fim de que a Rússia responda de forma nuclear”, diz Bezerra.

Albuquerque acredita que a Rússia terá que “dar uma resposta à altura” se o envio do sistema de mísseis Patriot se efetivar e algum tipo de míssil ofensivo de médio alcance for entregue a Kiev, “mas a Rússia não necessariamente precisaria atacar com armas nucleares”.

(Agência Sputnik)

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