O que esperar para 2020

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Os ajustes econômicos já realizados, as reformas aprovadas somadas àquelas que estão em curso e as expectativas futuras projetam um cenário de crescimento econômico em 2020, ainda que possivelmente abaixo de 2%. Não é nada mal para quem estava na lama de uma crise econômica, mas bastante modesto diante da magnitude das mudanças.

Essas projeções estão embasadas na queda da taxa básica de juros, a Selic, para o mais baixo nível da história, 4,25% ao ano, o que projeta juros reais inferiores 1% ao ano, se descontada a inflação. É taxa de país avançado, de economia sólida, mas afasta investidores, acostumados com as elevadas taxas brasileiras. Não é sem motivo, portanto, que a Bolsa de Valores dobrou o número de investidores em 2019, passando de 800 mil para 1,6 milhão de pessoas interessadas em multiplicar seus recursos.

A redução na taxa de juros tem outros aspectos negativos. A caderneta de poupança deixa de ser atrativa e afasta os poupadores, que buscam outras opções. Os saques em janeiro de 2020 bateram o recorde de R$ 12,3 bilhões e, se persistir essa tendência, pode afetar a disponibilidade de financiamentos para a construção civil, agravando o déficit habitacional.

Algumas incertezas no mercado internacional ajudam a apimentar o cenário futuro. Entre elas, o Brexit, o imbróglio Estados Unidos x Irã e a guerra comercial entre Estados Unidos e China, que elevam o potencial de crise externa. Não bastasse isso, há ainda a ameaça de uma epidemia provocada pelo Corona Vírus, capaz de também arrefecer o intercâmbio de produtos e serviços internacionais.

Por outro lado, a queda na Selic torna mais administrável a dívida pública e equacionamento do orçamento. Apenas para ilustrar, uma queda de 0,25% na Selic representa redução de R$ 6,5 bilhões no pagamento de títulos do Tesouro Nacional indexados pela Selic. Os economistas estimam que essa economia pode alcançar algo em torno de R$ 104,5 bilhões em dois anos.

Nesse cenário ainda turbulento, o brasileiro aguarda ansioso que a economia possa reagir mais rapidamente e equilibre alguns indicadores. A cotação do Real frente as moedas fortes ainda é um escândalo a ser administrado. A volatilidade da Bolsa de Valores também revela que há ainda muita insegurança a ser resolvida. A falta de um discurso único do governo e a tendências em gerar conflito a partir de declarações equivocadas não ajuda muito em elevar a confiança do mercado. Nessas condições, fica fácil compreender por que a economia ainda está travada diante de tantas possibilidades alentadoras.

Seja como for, essas expectativas são muito promissoras e revelam que o Brasil está no caminho certo. Não havendo nenhuma mudança brusca de rumos, nenhuma grave crise internacional e nenhuma loucura irresponsável dos nossos políticos, é muito possível que possamos fechar 2020 retomando o crescimento e reduzindo as disparidades que ainda marcam o país de forma negativa.

 

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