Por que a Academia?

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No dia 28 de abril de 2018, no Auditório da Associação Comercial, encerrávamos em sessão solene as festividades do Centenário da Faculdade de Direito do Maranhão. Várias entidades se juntaram para realizar o sonho dos que sabiam da importância da data para a cultura do nosso Estado. A escolha do auditório teve a propósito de lembrar, um dos diretores da entidade, o vice-cônsul de Portugal Fran Paxeco fora um dos líderes da fundação da Escola de Direito. Seus netos, Rosa Machado e Domingos Perdigão estavam presentes.

Nos intervalos dos encontros sociais da semana comemorativa, visitando entidades como a Assembleia Legislativa, a Academia Maranhense de Letras, dentre outras, emergia a proposta de marcar o evento, por seus idealizadores e executores, com a fundação de nova instituição cultural, abrangendo não apenas o Direito, mas as suas dimensões políticas e sociais.   

No início do século passado, a Oficina dos Novos, integrada por Antônio Lobo, Fran Paxeco, Astolfo Marques, Viriato Corrêa, Godofredo Viana, Ribeiro do Amaral, Xavier de Carvalho, Antônio Lopes, e outros, desencadeou movimento de ressurgimento da cultura maranhense resultando na criação da Faculdade de Direito, da Academia de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico. Décadas depois veio a cena a geração de trinta, estimulada pelo timoneiro Antônio Lopes, invocando o nome de Graça Aranha no Cenáculo, lançou nomes como Odilo Costa, filho, Franklin de Oliveira, Paulo Nascimento de Moraes, Erasmo Dias, Inácio Rangel, Dilu Melo. Em seguida viria a geração de 45, surgindo Josué Montello, Bandeira Tribuzi, José Sarney, Ferreira Gullar, Neiva Moreira, Renato Archer, Lucy Teixeira. Alguns deles membros do Centro Gonçalves Dias.

Convinha amadurecer a ideia. Ativistas do movimento, o grupo inicial de fundadores, Rossini Corrêa, Sergio Tamer, Raimundo Palhano, Jhonatan Almada, ponderou: não basta a temática beletrista. A nova instituição deve ampliar o espectro de atuação para além do Direito e incluir as ciências políticas e sociais. Chamá-la de centro incidiria em repetição. Não esquecer, Antônio Gonçalves Dias já fora homenageado com um no passado. Etnógrafo, dramaturgo, jornalista, Bacharel em Direito, ao se avizinhar o bicentenário do seu nascimento foi o nome pensado para patrono, e ficou.

No Maranhão há o fascínio pelas academias. Faz parte da tradição cultural. Assim surgiu a ideia de criar a Academia Maranhense de Cultura Jurídica, Social e Política –A.M.C.J.S.P. Nasceu sob o signo de cultuar as tradições e buscar as inovações nas áreas de atuação. Os fundadores por suas vidas e currículos respondem pelas enormes possibilidades de realizações. De minha parte serei apenas instrumento de concretização de suas vontades.

Evoco ainda a brilhante oração de Sálvio Dino, na noite do dia 28, assinalando o fortalecimento do espírito e a ética acadêmicas. A última nos faz libertos dos formalismos, de pessoas comprometidas com a distribuição da educação, da cultura, como meio de efetivar as academias. Seu comparecimento naquela noite era a prova material de respeito e reconhecimento as ligações afetivas. Teremos formas de cultuar o seu legado.

A questão ética é central para o Brasil de hoje, assoberbado pela pletora de escândalos de corrupção.   Na sessão da Academia Brasileira de Letras, de 7 de janeiro de 1911, Dantas Barreto, referindo-se a Joaquim Nabuco, assinalou: “Acentuemos bem que todos os desta nação livre têm os mesmos direitos políticos e de representação, na esfera de sua competência, seja socialista exaltado ou republicano radical, católico ou protestante. Onde houver o culto da Justiça não pode vingar a planta da tirania, cujos últimos rebentos se extinguiram nos países americanos”.

É nosso desejo cooperar com todas as instituições acadêmicas, das que fazemos ou faremos parte, com os compromissos éticos ao lado da fraternidade, da lealdade e do companheirismo.

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