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Presidente disse que nunca censurou a imprensa
Entrevistado por repórteres de um pool de veículos de comunicação que iria transmitir o debate desta sexta-feira (20) entre os presidenciáveis, que não foi realizado devido à ausência do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente Jair Bolsonaro (PL) culpou o adversário pela censura imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a veículos de comunicação, sites e redes sociais. “Errada ou não, a decisão foi provocada pelo Partido dos Trabalhadores, que não tem qualquer zelo, qualquer compromisso, com liberdade”, disse Bolsonaro.
O presidente afirmou que não pretende pedir novamente o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), apesar das críticas que tem feito a ele no comando do TSE.
Confira os principais trechos da entrevista aos jornalistas do SBT, Estadão/Rádio Eldorado, Terra, Veja, CNN e Novabrasil FM:
Economia e Paulo Guedes – Questionado pelo mediador da entrevista, Carlos Nascimento (SBT), sobre seu plano econômico e a possibilidade de Paulo Guedes permanecer à frente do Ministério da Economia, Bolsonaro afirmou que Guedes seguirá à frente da pasta, “a menos que queira sair”.
O presidente pontuou que a política econômica de seu governo foi impactada pela pandemia de Covid-19 e pela guerra da Ucrânia, crises que foram amenizadas pela expansão dos programas de renda mínima e criação de empregos.
“O Brasil está pronto, está arrumado para voar no ano que vem, o que teria ocorrido se não fosse a pandemia”, disse o Bolsonaro.
STF e impeachment de ministros – Quando indagado pelo âncora da CNN Márcio Gomes sobre impeachment de ministros do STF, Bolsonaro disse que já entrou com um pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes no passado, mas o processo “não prosperou por decisão do presidente do Senado”, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
“Eu não pretendo entrar com nenhum pedido de impeachment contra o senhor Alexandre de Moraes. Qualquer um do povo pode fazê-lo. Qualquer processo de cassação e impeachment compete ao Senado Federal”, declarou.
O presidente afirmou que não aumentará o número de ministros do STF e lembrou que há uma proposta neste sentido, na Câmara desde 2013, mas de autoria da deputada federal por São Paulo Luiza Erundina (PSOL), e que já foi assinada por 40 deputados do PT.
Sobre a decisão do TSE de restringir a cobertura jornalística da emissora de TV Jovem Pan, Bolsonaro disse que, “errada ou não, [a decisão] foi provocada pelo Partido dos Trabalhadores. O PT não tem qualquer zelo, qualquer compromisso com liberdade, haja vista que eles sempre falam no tocante ao controle da mídia”, acrescentou.
O presidente defendeu ainda a liberdade de imprensa. “Nunca tomei uma medida de força contra qualquer repórter no Brasil. Nunca tentei derrubar página de quem quer que seja, desmonetizar página de quem quer que seja e sempre aceitei isso, muitas vezes sofrendo fake news, inverdades e calúnias, mas não busquei atingir o que é a alma da democracia, que é a liberdade, que é a alma de vocês, que é a liberdade de imprensa”, disse.
Orçamento secreto – Marcelo Godoy, de O Estado de S. Paulo, perguntou sobre a relação entre governabilidade e orçamento secreto. Segundo Bolsonaro, o orçamento secreto foi uma resposta do Congresso porque não entregou ministérios a políticos.
“O Congresso queria poder porque perdeu ministérios comigo. Também não entreguei estatais, além de bancos oficiais. O Parlamento buscou então uma maneira de participar do Orçamento e foi discutido. Desconheço qualquer proposta vinda do Executivo”, disse.
Ele também defendeu que o orçamento “não é secreto” e que “tem que ceder” às decisões do Congresso. “Secreto é o nome dos parlamentares que pedem os recursos”, alfinetou.
Igualdade racial – Sobre a pergunta da jornalista Joice Berth, do Portal Terra, sobre igualdade racial, Bolsonaro disse que o seu governo trata a todos de forma igualitária no Brasil.
“Melhor do que botar no papel, entendo que dar o exemplo no tratamento a todos, de forma igualitária, é o que fará nos aproximarmos cada vez mais. Por muitas vezes, o simples exemplo arrasta muito mais que um poder por força de lei”, avaliou.
Segundo ele, os números de violência contra a comunidade negra e LGBT diminuíram em seu governo. “No ano passado, tivemos o menor índice de mortes por 100 mil habitantes: 20. Isso inclui brancos, negros, LGBTs”, destacou.
Salário mínimo – A jornalista Clarissa Oliveira, da revista Veja, perguntou sobre a correção do salário mínimo, e como o candidato pretende viabilizar o aumento, sem previsão orçamentária. Bolsonaro negou rumores de mudança nas regras de reajuste, dizendo que duvida que “um só parlamentar votasse a favor dessa proposta de desindexação”.
“A questão do Orçamento, a senhora sabe que tem um teto, ninguém quer extrapolar o teto, chutar o teto, nada disso, mas o Paulo Guedes é uma pessoa que sabe bem tratar a questão orçamentária”, afirmou.
Auxílio Brasil – Indagado pelo jornalista Marcelo Torres, do SBT, sobre a origem dos recursos que utilizaria para manter o Auxílio Brasil com o valor de R$ 600, já que a Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2023 prevê apenas R$ 400, Bolsonaro voltou a criticar o valor do Bolsa Família do tempo do PT.
Bolsonaro afirmou que, segundo o ministro Paulo Guedes, a manutenção do valor será possível através do aumento da arrecadação gerada pela taxação de lucros e dividendos.
Reeleição – O jornalista Diego Amorim, da rádio Nova Brasil, questionou Bolsonaro sobre sua mudança de opinião em relação à reeleição e se ele, em um eventual novo mandato, apresentaria projetos para dar fim à prática. Durante a campanha de 2018, o atual presidente afirmou que não buscaria um novo mandato.
Segundo Bolsonaro, o que o fez mudar de ideia foi a falta de um nome “com um perfil parecido” com o dele. “Estaríamos entregando o Brasil para o PT, PDT ou PSB. Seria a volta da esquerda”, disse.
Para ele, um mandato de cinco anos sem reeleição “seria muito bem-vindo”, caso o Congresso levasse adiante a proposta.
Desmatamento na Amazônia – Márcio Gomes, da CNN, cobrou metas para a preservação da Amazônia. Bolsonaro disse que sua gestão foi “muito melhor que as anteriores”.
“Os dados mostram que, em outros governos, foram maiores (os índices do) desmatamento. No governo Dilma, houve uma queda, mas o nosso governo foi muito melhor que os anteriores. Estamos tomando medidas, operações, combatendo o crime organizado, tráfico de animais silvestres”, afirmou.
Segundo ele, “a melhor proposta, que não conseguimos aprovar, é a regularização fundiária, que toda e qualquer terra teria a sua localização monitorada por satélites. Hoje em dia existe foco de calor, queimada regular, mas entendemos que podemos melhorar”, disse.
Reforma administrativa – Questionado pelo jornalista Marcelo Godoy, do jornal O Estado de São Paulo, se pretende acabar com promoções por tempo de serviço na reforma administrativa, Bolsonaro disse que não, por ser um direito garantido na Constituição.
“Por ocasião da transição, eliminamos mais de 30 mil cargos em comissão. Isso tem um peso mais do que simbólico, demos um exemplo cortando da própria carne. Só abrimos concurso para o essencial: Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal”, afirmou.
Segundo ele, o número de aposentados está “na casa dos 100 mil”. “Não fizemos a reposição. Alguns poucos devemos fazer [a reposição] para não prejudicar o serviço público”, acrescentou, pontuando que “pegou a máquina inchada”.
Promessas – A jornalista Tatiana Farah, do Portal Terra, perguntou ao presidente sobre promessas de campanhas que não estão contempladas no Orçamento previsto para o próximo ano.
“Quem faz o Orçamento, na verdade, é o Legislativo. O Orçamento não é um decreto presidencial. Então, quando há críticas, que vai cortar merenda, só vai ter ovo na merenda no ano que vem, vai cortar o Farmácia Popular, o Orçamento não está feito”, afirmou.
Sobre o reajuste da Previdência, afirmou que “é inadmissível você não deixar os aposentados receberem o reajuste, no mínimo, igual à inflação”.
Para conseguir viabilizar o reajuste, o presidente afirmou que “tem certeza que o Parlamento vai buscar alternativas”.
Fake news – Clarissa Oliveira, da Veja, questionou sobre sua posição em relação a normas que punam autoridades e ocupantes de cargos públicos por disseminarem notícias falsas. O presidente afirmou que, durante seu governo, articulou na Câmara dos Deputados para reprovar a urgência de um projeto que propunha a punição e destacou que qualquer tipo de condenação por disseminação de fake news “não tem amparo legal” atualmente.
Bolsonaro ainda negou propagar notícias falsas em suas redes sociais e voltou a criticar seu adversário no segundo turno das eleições, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“O PT e o Lula têm simpatia muito grande por parte dos ministros do Supremo e isso não é novidade para ninguém. Para eu criticar o PT, se eu fizer fake news, eu tô falando que o Lula é honesto, tô falando que ele defende a vida desde sua concepção. Ou seja, você não tem que fazer fake news contra o PT, tem que mostrar a verdade”, disse.
Cortes na Educação – Com relação ao questionamento do jornalista Marcelo Torres, da SBT, sobre recuperação do aprendizado, o presidente disse que o foco de seu governo, caso reeleito, estará na educação básica.
“Nós estamos alfabetizando as crianças, dando atenção especial à educação básica, remunerando melhor os professores e, por aí, criando uma boa base para esperar, daqui a muitos anos, não poucos anos, colher algo dos cursos superiores”, disse Bolsonaro, após criticar a política do PT de criação de universidades e concessão de créditos a estudantes.
“Diferente do PT, que investiu lá em cima no nível superior fazendo faculdade, endividando a garotada, tanto é que tivemos que fazer um programa para anistiar 99% desses jovens que se formaram e não tinham como pagar o que contraíram em forma de empréstimo”, colocou.
Número de ministérios – Ao jornalista Diego Amorim, da Nova Brasil, Bolsonaro respondeu há a possibilidade da criação de mais três ministérios. “Um seria o da Indústria, Comércio e Serviços; da pesca é uma coisa fantástica, fez o pescador se sentir privilegiado em todo o Brasil; e do Esporte também.
“As maiores pressões por espaço foram em 2019. Alguns cargos cedemos, sim. Nem toda indicação de deputado e senador é uma péssima indicação. Quando se fala em 23 ministérios, eu criei um no meu governo: o das Comunicações, que negociou a questão do 5G, entre outras ações”, concluiu.
Reaproximação com Moro – Sobre o respeito ao resultado das urnas, afirmou que “se a comissão de transparência [do TSE] não mostrar nada de anormal, não tem porque duvidar dos resultados das eleições”.
A reaproximação com o ex-ministro e senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR),explicou que o contato foi feito por “um colega”, e que, em uma ligação, resolveram, “para o bem do Brasil, deixar de lado qualquer equívoco ou rusgas do passado”.
“Mais importante é o destino do Brasil. Ele conhece muito bem o que aconteceu ao longo desses 14 anos de PT. Foi o homem que conduziu o inquérito que mostrou o quão entranhada estava a corrupção no Brasil”, avaliou. Ele disse que “não existe qualquer convite” para Moro voltar a ser ministro.
Super Live – Nas considerações finais, Bolsonaro anunciou a realização de uma “super live” neste sábado (22), com a participação do atacante Neymar, do ex-ministro Sergio Moro; do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); do candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e de líderes religiosos, como Silas Malafaia.
A transmissão ao vivo deve durar 22 horas, sendo que sua participação ocorrerá na primeira hora.
(Com informações da CNN)