Bolsonaro lidera pesquisa entre mais instruídos e melhor remunerados

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A última pesquisa Datafolha sobre as intenções de voto para presidente em 2018, divulgada neste domingo pela Folha de São Paulo, chama atenção, mais pelo crescimento do deputado fluminense Jair Bolsonaro (PSC) do que a ampliação da vantagem do ex-presidente Lula (PT), pois este sempre teve um eleitorado cativo entre os mais pobres e movimentos sindicais.

Pela pesquisa, no entanto, Bolsonaro é o candidato preferido daqueles que têm renda acima de dez salários mínimos e escolaridade de nível superior. O seu eleitorado é formado também, em grande parte, por jovens.

A candidatura encontra ambiente adequado na tendência conservadora de parcela significativa do eleitorado brasileiro, especialmente sobre valores e comportamento. Com esse desempenho surpreendente, Bolsonaro mostra que o Brasil pode surfar na onda conservadora que vem se ampliando nas últimas eleições nos Estados Unidos e países europeus, embora ainda não tenha ainda uma posição clara sobre como conduziria a economia do país.

Seus apelos são mais em questões sociais, e os analistas entendem que seu discurso recheado de  homofobia e machismo pode não chocar tanto os mais pobres e menos instruídos, mas tendem a afastar parcela dos mais escolarizados e mais ricos, que se mostram mais liberais em relação ao comportamento.

E a defesa de métodos duros de combate à violência, que recebem por um lado o apoio da maioria da população, devem, por outro, levar ainda mais medo aos segmentos carentes do eleitorado, que temem sim os bandidos, mas, diferentemente dos mais ricos, se preocupam também com a polícia. A tarefa é difícil, mas Donald Trump –com sua pós-verdade e seu micromarketing– já provou que feitos improváveis são possíveis.

Pesquisa – De acordo com a pesquisa, Jair Bolsonaro (PSC-RJ aparece no segundo lugar da corrida para a Presidência em 2018, empatado tecnicamente com a ex-senadora Marina Silva (Rede). O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por sua vez, mantém-se na liderança apesar das menções no noticiário recente da Lava Jato.

O deputado Bolsonaro, que tem posições conservadoras e de extrema direita, subiu de 9% para 15% e de 8% para 14% nos dois cenários em que é possível acompanhar a evolução. Nesses e em outros dois com candidatos diversos, Bolsonaro empata com Marina.

Com uma intenção de voto concentrada em jovens instruídos e de maior renda, Bolsonaro se favorece da imagem de “outsider” com baixa rejeição (23%) e do fato de que o Datafolha já registrava em 2014 uma tendência conservadora no eleitorado.

 

O Datafolha fez 2.781 entrevistas, em 172 municípios, na quarta (26) e na quinta (27), antes da greve geral de sexta (28). A margem de erro é de dois pontos percentuais.

(Com dados da Folha)

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