
Embarcações interceptadas a caminho de Gaza
Após 24 horas de terem sido capturados por Israel, integrantes da Global Sumud Flotilha seguem incomunicáveis e sem direito a suporte diplomático. Diplomatas brasileiros tentaram por duas vezes ter acesso aos 12 integrantes da delegação brasileira que participavam da flotilha e estão detidos no porto Ashdod, em Israel.
O acesso foi negado até mesmo depois do Corpo Diplomático alegar que os ativistas já estavam sendo interrogados.
“Nós tivemos a informação de advogados de que estavam em curso interrogatórios. Informei isso ao Itamaraty. Eles entraram em contato para tentar novamente, mas receberam a negativa de encontro com os brasileiros”, disse Lara Souza, coordenadora da delegação brasileira na flotilha e esposa do ativista Thiago Ávila, que também está incomunicável. “Não foi permitido a ele contato com a embaixada brasileira. Nem a ele, nem a nenhum dos demais brasileiros”, afirmou.
Ao todo, cerca de 500 pessoas que integravam a flotilha foram capturadas em águas internacionais pelas forças israelenses.
“A advogada responsável inicialmente não foi autorizada. Depois, os advogados avisaram que ela teria conseguido entrar. Mas ela ainda não conseguiu dar retorno”, explicaram.
O motivo apresentado por Israel para proibir o acesso foi o feriado de Yom Kippur, o que impediria os procedimentos regulares. Segundo a embaixada brasileira em Israel, será possível entrar em contato com os brasileiros a partir desta sexta-feira (3).
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Cobrança – O Ministério das Relações Exteriores divulgou nota, nesta quinta-feira (02), cobrando a libertação imediata dos brasileiros detidos após interceptação da flotilha a caminho de Gaza por militares israelenses.
“O Brasil exorta o governo israelense a liberar imediatamente os cidadãos brasileiros e demais defensores de direitos humanos detidos”, diz o comunicado.
O governo exige ainda a permissão de visitas de integrantes da Embaixada do Brasil em Tel Aviv aos ativistas brasileiros detidos ilegalmente.
A Flotilha Global Sumud, formada por cerca de 50 embarcações e que tenta furar o bloqueio à Faixa de Gaza transportando ajuda humanitária, informou que cerca de 443 voluntários de 47 países foram capturados pelas forças de Israel durante uma interceptação em águas internacionais. Há 11 brasileiros presos.
Segundo o Itamaraty, a chancelaria israelense já foi notificada da discordância brasileira com a ação.
Para o governo brasileiro, a interceptação fere direito internacional de liberdade de navegação, previsto por convenção das Nações Unidas, além da “detenção ilegal de ativistas pacíficos”.
“Operações de caráter estritamente humanitário devem ser autorizadas e facilitadas por todas as partes em conflito, não podendo ser arbitrariamente obstadas ou consideradas ilícitas. O Brasil conclama a comunidade internacional a exigir de Israel a cessação do bloqueio à Gaza, por constituir grave violação ao direito internacional humanitário”, informa.
O Brasil defende que Israel “deverá ser responsabilizado por quaisquer atos ilegais e violentos cometidos contra a Flotilha e contra os ativistas pacíficos que dela participam e deverá assegurar sua segurança, o bem-estar e integridade física enquanto permanecerem sob a custódia de autoridades israelenses”.
Interceptação – Dos capturados, onze são brasileiros, conforme a flotilha. Entre eles, estão o ativista Thiago de Ávila e Silva Oliveira, a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) e a vereadora de Campinas, Mariana Conti (PSOL-SP), além de Bruno Gilga, Lisiane Proença Severo, Magno de Carvalho Costa, Ariadne Catarina Cardoso Teles, Mansur Peixoto, Gabrielle Da Silva Tolotti, Mohamad Sami El Kadri, Lucas Farias Gusmão.
Essa é a mais recente tentativa marítima de romper o bloqueio israelense a Gaza, onde maior parte do território foi reduzida a um terreno baldio após quase dois anos de guerra, para levar ajuda humanitária, como alimentos e remédios, para o povo palestino.
Em uma postagem no X, o Ministério das Relações Exteriores de Israel diz que “todos os passageiros estão seguros e em boas condições de saúde”. “Eles estão chegando em segurança a Israel, de onde serão deportados para a Europa”, disse.
A interceptação dos barcos provocou condenação internacional.
Desaparecidos – Além dos doze brasileiros que já foram confirmados que estão em poder de Israel, dois outros que também integravam a flotilha seguem incomunicáveis e sem a confirmação – por parte de Israel – de que foram detidos.
São eles: João Aguiar, que estava a bordo do barco Mikeno, e Miguel de Castro, a bordo do Catalina.
(Agência Brasil)







