Bancários rejeitam proposta da Fenaban e fazem paralisação parcial

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O Comando Nacional dos Bancários rejeitou nesta terça-feira (21), na mesa de negociação, a proposta apresentada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) de aumento real de 0,5% e alteração ou supressão de cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho que retiram direitos da categoria. A rodada que tomou toda a tarde e a noite da terça-feira (21) foi a oitava da Campanha Nacional Unificada 2018.

Em protesto, nesta quarta-feira (22) os trabalhadores fazem um dia de paralisação parcial, em todo o Brasil, para dialogar com a categoria. O Comando permaneceu em São Paulo e a negociação continua nesta quinta-feira (23). Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil têm rodadas sobre os acordos específicos nesta quarta.

Lucro nas alturas – Os bancos estão entre os setores que mais lucram no Brasil. Em 2017, os cinco maiores que compõem a mesa de negociação da Fenaban (BB, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander), ganharam R$ 77,4 bilhões, crescimento de 33,5% em relação a 2016. O primeiro semestre deste ano indica que os lucros seguirão em alta como sempre: os cinco maiores somaram R$ 42 bilhões, 18% a mais do que o obtido no mesmo período de 2017.

Assim, foi muito mal recebida pela categoria a proposta de reajuste com aumento real de apenas 0,5%, além das alterações e exclusões de diversas cláusulas da atual Convenção Coletiva de Trabalho da categoria, que leva a cortes de direitos dos trabalhadores, como o pagamento proporcional, e não mais integral, da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) das bancárias em licença-maternidade e de afastados por doença ou acidente. Querem, ainda, acabar com o salário substituto; alterar a cláusula do vale-transporte, rejeitada porque ficaria pior do que a lei, entre outros direitos.

“É inaceitável essa alteração porque discrimina e penaliza as mulheres, já penalizadas com salários menores. Em assembleias por todo o Brasil os bancários já deixaram claro que não aceitarão proposta que retire direitos. Além disso, a proposta de reajuste teve um pequeno avanço, mas ainda insuficiente”, criticou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, que é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários. “Ou seja, fechar acordo e evitar a greve só depende dos bancos. O setor obtém lucros recordes ano após ano, esteja ou não o país em crise econômica. Outros, menos lucrativos, deram reajustes maiores do que os bancos estão nos oferecendo”, completou.

Setor mais lucrativo – De acordo com dados da consultoria Economática, o setor bancário foi o setor mais lucrativo da economia brasileira no segundo trimestre de 2018. As 20 empresas do setor listadas em bolsa apresentaram lucro líquido de R$ 17,8 bilhões entre abril e junho deste ano.

Empresas do setor de alimentação e bebidas, por exemplo, apresentaram prejuízo de R$ 1,5 bilhão no segundo trimestre de 2018 e ainda assim os trabalhadores do setor garantiram ganho real médio de 0,84% no primeiro semestre de 2018, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

O setor de construção (22 empresas) apresentou prejuízo de R$ 861 milhões no segundo trimestre de 2018, mas garantiu aumento real de 0,96%. O mesmo para o setor químico: lucro líquido de R$ 444 milhões no segundo trimestre e trabalhadores com ganho real médio de 0,95% nos primeiros seis meses de 2018.

Vinte empresas do setor de comércio apresentaram lucro líquido de R$ 1,5 bilhão no segundo trimestre de 2018. Os comerciários com negociação no primeiro semestre do ano tiveram ganho real médio de 0,83%.

No setor de siderurgia e metalurgia, lucro líquido de R$ 1,5 bilhão no segundo trimestre de 2018 e ganho real médio de 1,22% para os metalúrgicos.

Dados da Categoria – Os bancários são uma das poucas categorias no país com Convenção Coletiva de Trabalho de validade nacional. São cerca de 485 mil bancários no Brasil. A data base é 1º de setembro.

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