Candidatura de Flávio Dino a sucessor do pai na Academia de Letras gera reações entre imortais

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Estimulado a ocupar a cadeira de número 22, governador estaria querendo implantar regime hereditário na Casa de Antônio Lobo

AQUILES EMIR

A intenção do governador Flávio Dino ou o estímulo que ele estaria recebendo de um grupo de imortais para se candidatar a membro da Academia Maranhense de Letras (AML) criou o mal estar entre os membro da Casa de Antônio Lobo. O clima ainda não chegou a azedar quanto na eleição do ex-governador Pedro Neiva de Santana, no final dos anos 1970, o que provocou uma reação inédita do poeta Nascimento de Moraes Filho, que renunciou à imortalidade, mesmo não havendo respaldo estatutário para isto.

O grupo que defende a candidatura do governador seria composto, dentre outros, pelos acadêmicos Ney Bello Filho, Antônio Carlos Lima, Félix Alberto Lima e Joaquim Haickel, e esta movimentação foi apresentada como se houvesse um amplo movimento dentro da entidade que estaria pressionando o governador para convencê-lo a aceitar a cadeira 22, que tinha como ocupante o seu pai, Sálvio Dino, falecido no dia 24 de agosto.

A pretensão do governador ou dos defensores de suas candidatura para sucessão de Sálvio Dino gera reação de tradicionais membros da Casa, pois isto estaria criando um regime de hereditariedade na Casa, ou seja, passar uma cadeira de pai para filho, o que nunca ocorreu entre os imortais, e a interferência seria uma deselegância com a instituição e com os demais pretendentes , que teriam de medir forças com a maior autoridade do Estado.

Reações – O primeiro a reagir a esse movimento foi o acadêmico Lino Moreira. “Nunca ouvi falar em tal movimento nas reuniões da AML, nem diversos acadêmicos com quem conversei sabiam des-se movimento”. disse ele em sua página no Facebook.

Carlos Gaspar (C) diz que a Casa não convidou ninguém,
tampouco e lamentou a pressa para abertura dessa discussão

Ainda de acordo com Lino Moreira, “A AML, nos seus 112 de atividades, jamais convidou alguém para entrar para seu quadro de membros efetivos. Não seria agora que o faria. O movimento não alcançou um significativo número de membros da Casa de Antônio Lobo, pois não existiu. Ou, se existiu, alcançou um reduzido número de membros da Casa de Antônio Lobo”.

O presidente da instituição, Carlos Gaspar, diz que foi surpreendido com essa notícia e lamentou que tenha surgido num espaço de tempo muito curto após a morte de Sálvio Dino. “A casa ainda está de luto”, disse ele, desaprovando esse tipo de articulação. Carlos Gaspar confirma a informação de Lino Moreira e diz que a AML não convidou nem vai convidar ninguém, mas não pode impedir qualquer um que se julgar em condições de fazer parte dos seus quadros a se candidatar.

O presidente da AML disse que a cadeira ainda não foi nem oficialmente considerada vaga e não tem definido o momento em que declarará aberto o processo de escolha do novo ocupante.

Governadores – Caso consiga se eleger, Flávio Dino será o terceiro governador a compor a imortalidade da AML. Antes dele, foram eleitos José Sarney e Pedro Neiva de Santana, ambos, porém, escolhidos, sem estarem no exercício do cargo.

Sarney foi eleito em 1952, 13 anos antes de se eleger governador, e Pedro Neiva, quatro depois de deixar o Palácio dos Leões.

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