O “home” está com os dias contados?

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É cedo para dizer que o trabalho home-office está dias contados

  • JORÃO CONRADO
  • conrado1959@gmail.com

À medida que o programa de vacinação contra a Covid-19 avança mundo afora, as autoridades começam a arrefecer as medidas de controle e restrição. Os EUA, Europa e outras nações já liberaram o uso de máscara, ampliaram a quantidade de pessoas em recintos fechados e até já se viu eventos recreativos e esportivos com público. No Brasil, onde a taxa de vacinação se aproxima de 30% da população, o governo afirma que vai estudar a possibilidade de também flexibilizar algumas restrições. Em que pese as críticas que tal anúncio provocou, o que se sobressai nesse panorama é que o mundo, bem ou mal, começa a se aproximar da volta à normalidade.

Parece claro que tais medidas estão sendo tomadas com todo cuidado porque o Coronavírus, como todo vírus, possui a capacidade de se modificar e criar variantes, algumas mais agressivas, mais letais e mais contagiantes, para as quais as atuais vacinas podem não estar aptas a promover a imunização. No entanto, a economia precisa se recuperar, as pessoas já não aguentam viver distantes dos amigos e parentes e o jeito é começar reduzir as restrições.

Voltar ao normal ou a uma situação muito próxima disso não implica apenas em permitir aglomerações, festas, eventos esportivos, poder ir a restaurantes e praias ou qualquer outro evento que se traduz em melhor qualidade de vida e diversão. No rol das atividades que se pretende flexibilizar estão inclusos a volta ao trabalho presencial, o retorno às aulas e demais atividades que estavam a meia boca, uma parte muito pequena comparecendo e outra parte, a grande maioria, no chamado home-office ou sistema híbrido.

Parece lógico que, se as pessoas estão liberadas para ir a eventos e se divertir sem muita culpa, estarão também liberadas para voltar a trabalhar e assistir aulas. Mas nem tudo que é tão óbvio acaba se tornando uma decisão lógica. Boa parte resiste em retornar ao sistema presencial alegando, pasmem, o risco da contaminação. Outros dizem que a sua produção ou aproveitamento no sistema home-office é tão boa ou melhor que no presencial. Estes últimos ainda acrescentam que, no sistema híbrido, há ganhos e redução dos custos das empresas e deles próprios com deslocamentos, alimentação, perda de tempo no trânsito e riscos.

Não resta dúvida que tais argumentos têm uma certa dose de razão. O sistema de trabalho e aula à distância tem mostrado bons resultados quando bem planejados e conduzidos. De outro lado, tem se mostrado desastrosos em muitas outras situações. Nem todas as atividades laborais alcançam a mesma produtividade no trabalho remoto e muitos alunos, principalmente dos períodos iniciais, não estão aprendendo o que deveriam, além de fingirem estar assistindo aula enquanto se distraem em outras atividades.

Ainda é cedo para dizer que o trabalho home-office está com os dias contados, principalmente aqui no Brasil. Há muita poeira a ser enfrentada nesta estrada e não se descarta o surgimento de uma nova onda da epidemia, capaz de determinar novo isolamento e medias restritivas. No entanto, é muito provável que até o fim deste ano a maior parte da população esteja vacinada e os índices de contaminação caiam a níveis menos alarmantes. Se isso ocorrer, o trabalho em casa pode ser uma alternativa considerada pelas empresas e escolas em casos específicos e bem planejados. Assim caminha a humanidade.

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