Colômbia expropria propriedades de testa de ferro das Farc

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As autoridades colombianas expropriaram 65 imóveis, avaliados em US$ 19,5 milhões, e congelaram 24 contas bancárias de Mauricio Parra Rodríguez, conhecido como “El Quesero”, testa de ferro da ex-guerrilha desmobilizada Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), informaram nesta terça-feira (12) fontes judiciais. A informação é da EFE.

Entre as propriedades confiscadas há escritórios em um bairro rico do norte de Bogotá, cinco veículose três lotes onde seriam construídos projetos urbanísticos em Ibagué (Tolima) e Pitalito (Huila), detalharam em uma coletiva de imprensa o procurador-geral colombiano, Néstor Humberto Martínez, e o comandante do exército, general Alberto José Mejía.

Na operação contra “El Quesero”, que as autoridades apontam como um dos principais testas de ferro do desaparecido Bloco Sul e da coluna Teófilo Forero das Farc, também constam barbearias e dez sociedades dedicadas à construção e venda de casas que serviam de fachada para lavar dinheiro obtido em atividades ilícitas.

As autoridades já vinham seguindo a pista de Parra, que foi detido há 13 dias no aeroporto El Dorado, de Bogotá, e indiciado pelos delitos de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito. Ele também deve responder perante a Justiça como suposto responsável ou participante de dois homicídios, um deles ocorrido em outubro de 2016 e o outro em abril deste ano.

Lavagem – Segundo as investigações, Parra legalizou durante 15 anos grandes quantias de dinheiro para as Farc, o que lhe permitiu ganhar status de empresário, manter contato com diversas personalidades do país e adquirir bens luxuosos.

Para legalizar as propriedades, que estavam em vários municípios dos departamentos de Huila e Caquetá, da mesma forma que em Bogotá, “El Quesero” colocava as escrituras no nome de familiares e amigos.

Durante a investigação as autoridades receberam testemunhos de reinseridos das Farc, que asseguraram que desde 1998 Parra levava mantimentos e diversos artigos aos acampamentos da guerrilha em Caguán (Caquetá) e ali começou seu vínculo com o hoje partido politico Força Alternativa Revolucionária do Comum.

Caguán foi uma “zona de distensão” de 42 mil quilômetros quadrados, criada em 1999 pelo então presidente Andrés Pastrana para iniciar um processo de paz com as então Farc. As testemunhas relataram que, nessa época, Parra tirava dessa região entre 100 e 200 quilos de cocaína escondida em queijos, razão pela qual recebeu o codinome de “El Quesero” (“O Queijeiro”).

Sua atividade criminosa o levou à prisão em 2003, quando foi detido no centro do país por transportar 86 quilos de cocaína. Sete anos mais tarde recebeu o benefício de liberdade condicional.

Após ser solto, “El Quesero” retomou seus contatos com os líderes do Bloco Sul das Farc e da coluna Teófilo Forero, e constituiu um capital desproporcional através de sociedades, estabelecimentos comerciais e outros bens que lhe permitiram lavar dinheiro, e que serão agora objeto de extinção de domínio.

(Agência EFE)

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