Covardia e irresponsabilidade dos membros da CPI da Pandemia no depoimento de Ivanildo da Silva

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Ivanildo da Silva exposto ao Brasil pelos senadores da CPI da Pandemia como homem de transações milionárias

Motoboy é exposto como operador de transações milionárias

Não se sabe como classificar de forma mais adequada os trabalhos desta quarta-feira (1º) da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia de covid-19, se foi um ato de irresponsabilidade ou de extrema covardia. Certo é que a exposição a que foi submetido o motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva, da VTCLog, foi algo desproporcional e que serve apenas para mostrar a arrogância de quem se sente superior aos demais seres humanos, simplesmente por ser detentor de um mandato parlamentar.

Na ânsia de encontrar um ato falho que aponte um centavo desviado nas ações do Ministério da Saúde para combater a covid-19, senadores que fazem oposição ao governo federal expuseram um trabalhador aos riscos de ações violentas como sendo responsável por operações milionárias, sem ao menos terem tido, esses parlamentares, a honestidade e a responsabilidade de explicitarem como se davam essas transações.

Na condição de motoboy, Ivanildo é escalado para, dentre outras tarefas no seu emprego, ir a agências bancárias a fim de sacar na boca do caixa somas que chegam até R$ 400 mil, mas sem pôr as mãos nessa grana, já que o dinheiro é para pagamentos de boletos bancários, faturas de cartões de crédito e outros documentos de diretores, funcionários, familiares e terceirizadas da VTCLog.

Como na CPI as indagações são feitas aos gritos, pois os parlamentares perdem a educação quando querem se dirigir a um depoente, principalmente quando pessoas humildes ou mulheres, os trabalhos foram conduzidos no sentido de mostrar que este motoboy sacava esse dinheiro para levar a a políticos, funcionários públicos e outros.

A senadora maranhense Eliziane Gama (Cidadania) teve o disparate de indagar se ele carregava em sua mochila até R$ 100 mil. Já o senador Renan Calheiros (MDB-AL) queria que o rapaz desse o número da placa de sua moto a fim de que fosse mais fácil identificá-lo no trânsito da capital federal. Não faltaram as ameaças de que poderia ser preso, se não colaborasse.

Onde está o excesso da CPI? Ora, até onde se sabe, os serviços que Ivanildo executava somente ele e poucas pessoas dentro da empresa sabiam; seus vizinhos (deve ser um morador de comunidade) certamente nunca desconfiaram que ele mexia com tanto dinheiro; mas hoje quase todo o Brasil sabe quem é esse rapaz, o que ele faz, com o que mexe e com quanto opera.

Pior de tudo é que o volume apresentado pelos nobres senadores da CPI, Ivanildo nunca viu, pois havia apenas cruzamento de valores – cheques X boletos e faturas – e somente quando uma operação não podia ser feita no banco para onde ia ou se o pagamento fosse exclusivo de um determinado banco, saia com dinheiro em espécie na mochila. As sobras eram levadas para empresa.

Hoje, graças à CPI, o Brasil sabe em que agência bancária Ivanildo é recebido, o que ele vai fazer, quanto vai movimentar, quanto pode ter na mochila, para onde vai levar… Sabendo-se com é a onda de violência nas grandes cidades, Ivanildo é um homem sob risco, pois foi apresentado aos criminosos como sendo responsável por transações milionárias, coisa que nenhum senador jamais ousou pensar em fazer.

É torcer para que nada lhe acontece, até porque os que poderiam ser responsabilizados por uma tragédia humana, ainda podem debitar mais este caso na conta dos que, desde a instalação da CPI, os senadores tentam convencer os brasileiros de quem é o única culpado por essa tragédia criada pela pandemia. Que Deus tenha piedade de todos!

 

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