Crânios são encontrados na Penitenciária de Alcaçuz

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SUMAIA VILELA

Em uma busca realizada hoje (21) para encontrar possíveis novos corpos na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, os peritos do Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep) do Rio Grande do Norte encontraram um crânio completo, um incompleto e um fragmento de crânio, além de prováveis fragmentos de ossos. A vistoria, no entanto, se limitou a áreas em que não há presos e só uma das 40 fossas do local foram esgotadas para fazer a varredura.

O material foi colhido na fossa esgotada entre o pavilhão 3 e a fábrica de bolas. De acordo com a assessoria de comunicação do instituto, ainda restam 39 fossas a serem esgotadas, locais onde podem estar jogados outros corpos.

Os pavilhões também só foram vistoriados parcialmente, já que o controle de Alcaçuz ainda permanece com os detentos. As buscas foram efetuadas nos prédios de número dois e quatro, que estão vazios atualmente. O cinco, onde está o PCC, e os pavilhões um e três não puderam ser checados.

Atualmente, quatro dos 26 corpos do massacre ocorrido no dia 14 de janeiro ainda não foram identificados. Um deles, segundo a assessoria, está prestes a ter a identidade revelada. Os outros três, que foram carbonizados, precisam de exames mais complexos. Entre os corpos recolhidos existem alguns sem cabeça. O Itep não divulgou quantos deles.

Muro – Depois de uma grande operação durante todo o dia de hoje (21) para construção de um muro que separe os pavilhões ocupados por duas facções rivais na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, o comandante da Polícia Militar do estado, coronel André Azevedo, disse que o controle do presídio permanece nas mãos dos internos.

De acordo com o coronel, a prioridade da PM era garantir a ordem para que o muro provisório fosse construído a fim de evitar novas mortes. De um lado, englobando os pavilhões cinco (na verdade o presídio Rogério Coutinho Madruga) e quatro, está o Primeiro Comando da Capital (PCC), que busca expandir seu domínio nacionalmente. De outro, o Sindicato do Crime do RN, facção local que resiste à investida.

“Numa crise, o objetivo da operação policial, para que se retome o local, os dois principais objetivos são salvar vidas e aplicar a lei. Então a polícia chegou no local porque a Sejuc [Secretaria de Justiça e Cidadania] perdeu o controle da unidade. Estamos atuando para retomar o controle da unidade, e a primeira providência é instalar a barreira física, para evitar que se matem.”

Até o início da noite, a primeira linha de contêineres, sete no total, foi instalada com sucesso. A segunda linha já tinha sido iniciada quando o coronel deu a entrevista. Essa estrutura é provisória e será terminada ainda hoje. O muro permanente, de concreto, será construído pelo Departamento de Estradas e Rodagens (DER) do estado. A previsão é que ele seja concluído em, no máximo, 20 dias.

Questionado pela Agência Brasil se os presos continuariam portando armas, circulando, se relacionando livremente e falando ao celular, o comandante confirmou. “Exatamente. Isso depende de reformas estruturais, de serviços de engenharia, e não é a polícia que não vai realizá-la.”

A Penitenciária Estadual de Alcaçuz não tem grades nas celas desde uma rebelião realizada em 2015. Desde então, os presos circulam livremente entre os pavilhões. “Enquanto os presos estiverem soltos, enquanto não houver celas, com grades para prender os detentos nos pavilhões e nas celas, isso poderá ocorrer”, reforçou Azeverdo.

(Agência Brasil)

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