Para a instituição trata-se de um genocídio anunciado
A crise de saúde catastrófica e sem precedentes que envolve o povo Yanomami é um genocídio que estava em andamento há anos. No governo de Jair Bolsonaro a situação piorou drasticamente: ele encorajou a abertura do território e incentivou a entrada de milhares de garimpeiros.
O ex-presidente, segundo a instituição, desmantelou o serviço de saúde indígena; aplaudiu a expansão de garimpos em territórios indígenas; e ignorou os apelos desesperados de organizações indígenas, da Survival e de muitos outros quando a escala da crise ficou clara.
Os garimpeiros – as doenças que carregam, o mercúrio que usam envenenando os rios e as pessoas, as florestas que destroem e a violência que desencadeiam – são o motivo óbvio deste desastre.
Os resultados estão bem documentados: 570 crianças Yanomami menores de 5 anos morreram de doenças evitáveis desde que Bolsonaro chegou ao poder; as crianças Yanomami estão morrendo de desnutrição a uma taxa 191 vezes maior do que a média nacional; 8 em cada 10 crianças Yanomami nas regiões de Auaris e Maturacá sofrem de desnutrição crônica; e assim por diante.
É importante que o presidente Lula tenha chamado esta crise pelo o que realmente é – um genocídio. Pedimos que um plano com seis pontos seja implementado com extrema urgência:
- Remover os garimpeiros. Uma operação de desintrusão já foi feita anteriormente, na década de 90, mas é necessário verdadeira vontade política e recursos para realizá-la.
- Enviar equipes médicas e garantir que recebam os recursos necessários para atuação a longo prazo.
- Investigar e levar à justiça políticos e empresários que lucraram com este genocídio, tanto no estado de Roraima quanto em outros estados.
- Desarticular o esquema criminoso do narcotráfico que hoje atua na área e levar à justiça os responsáveis pelos ataques que mataram indígenas Yanomami e que permanecem impunes.
- Combater todo garimpo ilegal e fiscalizar as cadeias de produção e exportação do ouro.
- Garantir que isso nunca mais aconteça: os territórios indígenas precisam de proteção adequada contra invasão e roubo de terras, e vontade política para tal. Fiscalizar e monitorar as regiões das comunidades de indígenas isolados Yanomami.
Os primeiros sinais de ação do presidente Lula e de sua equipe são encorajadores. Eles não têm um minuto a perder, e as organizações indígenas e seus aliados, incluindo a Survival, estarão observando de perto.