Filmes são fruto do Cultura na Praça, no Maranhão e Pará
Cinco comunidades do Maranhão serviram de cenário para curtas-metragens, produzidos por jovens dessas localidades nos últimos dois meses, durante as oficinas do projeto Cultura na Praça. Os filmes ficarão disponíveis para o público no Cine Babaçu, sala de cinema virtual que funciona no site do Cultura na Praça (www.culturanapraca.art.br), a partir desta quarta-feira, dia 10. O projeto Cultura na Praça, que ocorre desde 2017, é viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio do Instituto Cultural Vale, apoio do Centro Cultural Tatajuba e realização da Vivas Cultura e Esporte, Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo – Governo Federal, Pátria Amada Brasil.
“Noite de Lua Cheia” foi produzido na Vila Tropical/Verona, município de Bom Jesus das Selvas. “Dois Segredos”, em Pequiá de Cima, Açailândia; “Pelebeu” no povoado de Francisco Romão, também em Açailândia; “Meninas Mães” em São João Do Andirobal, Cidelândia; e “Verdades ou Mentiras: Histórias de Pescadores”, na Vila São Raimundo, em São Pedro d’Água Branca.
Além dos curtas, o público também vai poder assistir ao premiado longa-metragem infanto-juvenil “Dentro da Caixinha – Segredo de Criança”, de Guilherme Reis, ainda inédito no circuito comercial. Além disso, haverá sessões de formatura para os realizadores e seus familiares, que poderão ver o próprio trabalho na tela grande do cinema.
“A exibição de formatura é o coroamento desse momento lindo que foram as oficinas”, avalia Gilberto Scarpa, coordenador do Cultura na Praça. “Os alunos se esforçaram, mostraram que têm curiosidade, responsabilidade, compromisso e talento de sobra para despontar para o Brasil e para o mundo, se assim desejarem. Estamos muito felizes com os filmes que eles realizaram e tenho certeza que o público vai gostar também.”
Christiana Saldanha, gerente do Instituto Cultural Vale, destaca o potencial de transformação social junto às comunidades proporcionado por projetos desta natureza. “O projeto Cultura na Praça promove encontros pautados na valorização diversas culturas, de suas raízes e identidades locais, com a formação de grupos de jovens e construções coletivas de conteúdos audiovisuais. Uma forma de despertar os olhares para o presente e refletir sobre o futuro”, comenta.
Histórias – Apesar da grande diversidade de temas e estilos, todos os filmes produzidos têm em comum o desejo de compartilhar histórias da própria comunidade ou experiências pessoais. Para Ana Rocha, monitora da oficina em Francisco Romão, distrito de Açailândia, a experiência foi importante não apenas por envolver os jovens do lugar em uma atividade cultural, mas principalmente porque fizeram com que esses mesmos jovens mudassem a percepção que tinham da comunidade.
“Inicialmente, pensamos em fazer um filme a partir de uma perspectiva negativa, mostrando as necessidades que enfrentamos aqui”, conta a monitora. “Mas, ao jogar um novo olhar sobre nossa comunidade, um olhar mais sensível, percebemos que temos muita coisa boa para ser mostrada, para compartilhar com o mundo.”
Em São João do Andirobal, no município de Cidelândia, a monitora Edivânia Lima e sua turma enfrentaram um grande desafio ao escolher como tema a gravidez na adolescência. “Essa realidade é bem frequente no nosso povoado e tínhamos a difícil missão de trabalhar esse tema de uma forma poética, com cuidado para não romantizar muito essa situação”, explica Edivânia. “Por um lado, tínhamos que tratar da beleza das jovens estarem gerando uma vida, por outro, precisávamos mostrar que nem tudo é flores, que a realidade é um pouco diferente daquilo que muitas jovens sonham.”
Uma das personagens do filme, que recebeu o nome de “Mães Meninas”, foi a aluna Ana Júlia, que dará a luz a Benjamin ainda este mês, em data bem próxima à estreia do curta. “Eu nunca imaginei fazer um filme e, ao mesmo tempo, participar dele como personagem”, conta a futura mamãe. “No início, fiquei insegura, mas achei importante contar minha história para todos. E o melhor é que, mais para frente, Benjamin também vai poder assistir ao filme.”
Para Ianny Letícia, de 14 anos, moradora de Pequiá de Cima, uma das melhores coisas da oficina foi a interação com os outros estudantes. Isso foi tão marcante para ela e todo o grupo que acabou virando o tema do filme “Dois Segredos”. “Eu conheci pessoas que nunca tinha visto antes, como os alunos de uma outra escola, e fiz uma grande amizade com uma garota da minha escola com quem mal conversava. O nosso filme trata exatamente dessa nossa aproximação”, adianta a garota.
A aluna Lorena Almeida, da Vila Tropical/Verona, além de gravar algumas cenas e entrevistas com os moradores do local, participou da trilha sonora. “Eu canto sempre na igreja e adoro”, conta a garota. “Ter a minha voz na música do filme me dá essa sensação de que foi a gente mesmo que fez. É algo indescritível!”.
SERVIÇO
- O quê: Estreia de curtas-metragens maranhenses e do longa-metragem “Dentro da Caixinha – Segredo de Criança”, no Cine Babaçu
- Quando: a partir do dia 10 de novembro
- Onde: pela plataforma www.culturanapraca.art.br