Diminuição de emprego no setor rural é consequência da entressafra

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AQUILES EMIR

Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do mês de agosto mostram que no Maranhão apenas dois setores – Administração Pública (-26) e Agronegócio (-208) – apresentaram saldo negativo no Maranhão. Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Maranhão (Faema), Raimundo Coelho, a explicação para essa estatística é simples: entressafra, ou seja, o espaço de tempo entre a colheita e o novo plantio.

Segundo ele, o fato desses números terem sido publicado agora não significa dizer que as demissões ocorreram mês passado, apenas que os dados foram computados nesse período. Coelho recorda que durante todo o primeiro semestre, mesmo quando o Maranhão vinha tendo saldos negativos no Caged, o agronegócio sempre despontava como um dos poucos que vinham preservando emprego, portanto é natural que agora, passada a fase da colheita, as empresas diminuam sua mão de obra. Ele analisa também que a pecuária, por outro lado, nunca teve a tradição de grande empregadora, mas ainda assim é típico dessa fase do ano a diminuição de oferta de trabalho no setor.

Raimundo Coelho diz que nos próximos meses os números voltarão a mostrar as contratações do agro, pois no final de outubro já começam os preparativos dos campos para o plantio da safra 2017/18, primeiro o milho, depois a soja, e isto vai se manter até e metade do próximo ano. Ele se diz ainda mais otimista com a geração de empregos no campo depois da abertura de uma nova fronteira para plantio de soja no estado, que vai de Buruticupu até Vila Nova dos Martírios, na divisa com o Pará, ou seja, os donos dessas fazendas vão necessitar de muita mão de obra.

Raimundo Coelho, presidente da Faema

Safra – Sobre o bom desempenho agrícola deste ano, que, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que estima uma colheita superior a 4,7 milhões de toneladas, Raimundo Coelho diz que é preciso que se leve em conta três fatores: o Maranhão, ao contrário do ano passado, foi favorecido por boa chuvas no tempo certo, o que deixou os campos mais férteis; a ampliação da área plantada, principalmente com a abertura desta nova fronteira de soja; e o incremento de novas tecnologias que proporcionaram maior produtividade, seja pelo melhoramento das sementes ou moderno recursos mecânicos para facilitar plantio e colheita.

Para ele, é natural que o Maranhão se concentre em praticamente duas culturas – milho e soja – pois estes são os produtos mais demandados, mas acha que é preciso haver estímulo para que outras culturas, como arroz e feijão, possam ter melhor desempenho, até porque estes são os alimentos mais levados à mesa da população local, e os maranhenses não podem ser dependentes de importações para suprir suas necessidades básicas. Ele acha que o Governo do Estado vem fazendo seus esforços, com distribuição de sementes e outros estímulos, por isto é de se prevê que a média prazo haja uma reversão desse quadro.

Recém reconduzido à diretoria da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA), onde ocupa cargo de conselheiro fiscal, Coelho diz que vai continuar lutando junto ao órgão por políticas que favoreçam o setor primário, de olho no desenvolvimento do agronegócio maranhense, e fortalecendo as ações do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) para que possa levar mais capacitação aos trabalhadores e empreendedores da zona rural. Afinal de contas, como diz, nunca se pode perder de vista agropecuária é a maior vocação dos maranhenses.

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