AQUILES EMIR
Em entrevista concedida à jornalista Thaís Bilenki da Folha de São Paulo, publicada na edição desta terça-feira (26), o governador Flávio Dino (PCdoB) revela que pretende montar a mesma estratégia de 2014, quando teve três candidatos a presidente em seu palanque – Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (então no PSB) – sendo que desta vez os ocupantes devem ser o ex-presidente Lula (PT), Ciro Gomes (PDT) e Manuela D´Ávila (PCdoB).
Na entrevista, o governador chega a se trair pelas palavras ao dizer que não sabe em quem vai votar para presidente, e não manifestaria isso para não criar ciúmes, mas foi interrompido pela jornalista: “Não vai votar no seu partido?”, indagou Thaís, ao que ele se corrige: “Se Manuela estiver na urna, voto nela, claro”.
Segundo Flávio Dino, a abertura de vagas para candidatos a presidente por partidos diferentes em seu palanque é uma estratégia para enfrentar o saneísmo, esquecendo que, além de Roseana Sarney (MDB), existem ainda as candidaturas de Roberto Rocha (PSDB), Maura Jorge (Podemos), Ricardo Murad (PRP) e, provavelmente, Eduardo Braide (PMN).
Para ele, a candidatura da ex-governadora mostra um saudosismo de sua família do uso da máquina administrativa. “Estão com síndrome de abstinência de recursos públicos, de luxos”, insinua, acrescentando que o Grupo Mirante (rádio, televisão e jornal) depende de recursos públicos e tinha como maior anunciante o próprio governo do Estado. “Ela pagava a ela mesma”.
Indagado se também não anuncia nas emissoras dos Sarney, Flávio Dino diz que bem menos do sua antecessora, que destinava à Mirante 54% das verbas publicitárias e hoje são 19% (referência ao orçamento de 2017).
Boa parte da entrevista é para críticas à Lava Jato, por conta das investigações contra o ex-presidente Lula, que ele chega a chamar de escandalosas, mas para desfazer a interpretação do leitor de que sua defesa é porque apoia o ex-presidente, recorda que “Lula nunca me apoiou aqui”, numa referência às eleições de 2010, quando o petista apoiou Roseana e de 2014, quando apoiou Lobão Filho. Indagado se vai apoiar em 2018, ele não dá certeza. “Espero. Sou cristão, acredito em coisas boas”.
Para o governador, Lula deve manter a candidatura até onde der, pois ele fundamental para a disputa de 2018, já que “metade da população tem intenção de votar nele”. No entendimento de Flávio Dino, só haverá eleição livre no Brasil com Lula sendo candidato, e chega a fazer uma comparação entre o petista, que está condenado, e os antecessores José Sarney e Fernando Collor, que estão soltos.