Propinas foram pagas com dinheiros de obras da Copa
Oitenta policiais federais cumprem na manhã desta quarta-feira (15) uma Operação Coliseu, deflagrada para desmontar um esquema de fraudes e pagamentos de propinas a agentes políticos e servidores públicos que envolvem, dentre outros, os irmãos Ciro e Cid Gomes, ex-governadores do Ceará. Um dos endereços onde estão havendo buscas e apreensões é em São Luís.
De acordo com a PF, as irregularidades são decorrentes de procedimento de licitação para obras no estádio Castelão, em Fortaleza (CE), entre os anos de 2010 e 2013, com vistas à Copa do Mundo de 2014.
Ao todo, os policiais cumprem 14 mandados de busca e apreensão expedidos pela 32ª Vara da Justiça Federal, de São Paulo (SP), e os domicílios investigados estão em três cidades do Ceará – Fortaleza, Meruoca e Juazeiro do Norte – em São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG) e São Luís (MA).
“As investigações tiveram início no ano de 2017, sendo identificados indícios de esquema criminoso envolvendo pagamentos de propinas para que uma empresa obtivesse êxito no processo licitatório da Arena Castelão e, posteriormente, na fase de execução contratual, recebesse valores devidos pelo Governo do Estado do Ceará ao longo da execução da obra de reforma, ampliação, adequação, operação e manutenção do Estádio Castelão. Apurou-se indícios de pagamentos de 11 milhões de reais em propinas diretamente em dinheiro ou disfarçadas de doações eleitorais, com emissões de notas fiscais fraudulentas por empresas fantasmas”, diz a nota da PF.
Os investigados poderão responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de lavagem de dinheiro, fraudes em licitações, associação criminosa, corrupção ativa e passiva – art. 1º da lei 9.613/98; 89 e 90 da lei 8.666/93 e artigos 288, 317 e 333 do Código Penal. O nome da operação remete em italiano ao estádio Coliseu, localizado em Roma – Itália.
Quebra de sigilo – O juiz federal Danilo Dias Vasconcelos de Almeida autorizou a quebra de sigilos bancário, telefônico e telemático dos irmãos Gomes e de mais 12 alvos entre pessoas físicas e jurídicas.
“AUTORIZO a apreensão de computadores, telefones celulares, tablets, pendrives e outros dispositivos de armazenamento de midia, sejam eles funcionais e/ou particulares. AUTORIZO, igualmente, o acesso a todos os dados (p.ex. registros de chamadas; conteúdo das comunicações via aplicativos do tipo Whatsapp, Telegram ou SMS; vídeos; áudios; fotos, informações de georreferenciamento, etc.) existentes nos computadores, telefones celulares, tablets, pendrives e demais equipamentos eletrônicos/computacionais ou mídias apreendidos na posse dos investigados, bem como na chamada “nuvem” (cloud computing), relativa aos diversos serviços de armazenamento on line de conteúdo (Google Drive, Onedrive etc)”, diz o juiz em sua conta no Instagram.