As mulheres quebradeiras de coco babaçu – que descobriram diversas utilizações para os componentes do coco e deram vida a essa espécie, considerada por muito tempo como uma praga – movimentaram o VI BabaçuTec, realizado outubro em Itapecuru-Mirim. A “Semana do Babaçu” foi uma realização da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Cocais) e parceiros, com recursos da Secretaria Especial da Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário e da Diretoria de Transferência de Tecnologia da Embrapa (DE-TT) ), com apoio da Secretaria de Agricultura Familiar (SAF) do Maranhão e do Instituto de Agronegócios do Maranhão – Inagro.
Esta sexta edição do BabaçuTec foi dedicada às discussões, por meio de mesas redondas e painéis, sobre inovação tecnológica, negócios, políticas públicas, agregação de valor, valorização e cidadania das quebradeiras de coco, projetos de pesquisa voltados para as demandas da cadeia produtiva do babaçu, conhecimento tradicional, legislação e prospecção de demandas sobre o babaçu. O evento contou com Oficinas de produção de subprodutos do babaçu, que fizeram parte da programação da Feira de Agricultura Familiar – Agritec, de 26 a 28 de outubro.
Segundo a chefe-geral da Embrapa Cocais, Maria de Lourdes Mendonça Santos Brefin, o objetivo foi discutir temas de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação e ações para agregar valor ao babaçu, de forma que o produto se consolide como fonte de renda para quebradeiras de coco e outros agroextrativistas, comunidades que tradicionalmente vivem do babaçu no Maranhão, e ainda agricultores familiares e industriais.
“O babaçu é um tema de extrema importância, é uma riqueza inexplorada descoberta pelas quebradeiras, responsáveis pela valorização desse produto e que devem estar sempre à frente das iniciativas. A Embrapa entra com pesquisa e tecnologias direcionadas aos produtos que vão chegar ao mercado, evidenciando mais as potencialidades do produto e até onde essas mulheres guerreiras, e ainda agricultores familiares e de comunidades tradicionais, podem chegar com ele”, declarou.
Utilidade – Um dos assuntos discutidos nessa semana dedicada ao babaçu foi o aproveitamento dos resíduos provenientes da quebra do coco para serem convertidos em biodiesel, mais especificamente em bioquerosene para aviões. O tema foi parte da “Plataforma brasileira de bioquerone e renováveis”, ministrada pelo representante da Curcas Diesel Brasil, Mike Lu.
Segundo ele, as tecnologias de processamento dos resíduos do babaçu têm grande potencial de aproveitamento e é possível construir projetos conjuntos com as instituições de pesquisa e o governo para viabilizar essas potencialidades. Além disso, Mike Lu lembrou que o biodiesel foi escolhido em 2015, pelos países-membros do Acordo de Paris, como estratégia para descarbonizar a economia e frear o aquecimento global e será, a médio prazo, o combustível padrão para honrar os compromissos assumidos e gerar créditos de carbono.
“De 2021 a 2026, é o período de adesão voluntária para utilizar o bioquerone em aviões, que são responsáveis pela emissão de cerca de 3% de gases de efeito estufa. O Brasil, em especial o Maranhão, tem potencial enorme para liderar esse processo e ainda conta com o apoio da logística do Porto de Itaqui, que poderá exportar o produto para países que não têm como produzir produtos renováveis para disseminar efeitos do gás estufa e emitir créditos de carbono. O babaçu é uma mina de ouro, um garimpo pouco inexplorado”, resumiu.
Ainda segundo Mike Lu, o Brasil pode ser um grande fornecedor de biomassa para o mundo e o babaçu tem grande potencial de valor. A proposta de primeira biomassa sustentável para a produção de biocombustível de aviação no Brasil vem da Plataforma Mineira de Bioquerosene, com o desenvolvimento da cadeia produtiva da macaúba.