
AQUILES EMIR
Contrariando o discurso de despedida de Sergio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública e a onda criada em torno dessa fala, que já resultou até num pedido de investigação do Supremo Tribunal Federal sobre a possível interferência do presidente Jair Bolsonaro nas investigações da Polícia Federal, a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) em nota divulgada nesta terça-feira (28) desmente essa informação. “Até o momento, não se tem notícia de qualquer interferência nas investigações em andamento”, diz a nota.
Em seu último pronunciamento como ministro, Moro chegou a insinuar que Bolsonaro queria fazer a troca de comando na Polícia Federal para controlar suas operações e que já havia manifestado intenção de interferir politicamente nas ações de seus agentes e delegados. Com base nessa acusação, parlamentares e governadores, dentre eles, Fávio Dino (PCdoB), do Maranhão, chegaram a pedir o impeachment do presidente, e o seu antecessor Fernando Henrique Cardoso (PSDB) sugeriu sua renúncia, “antes de ser renunciado”.
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A Fenapef também manifestou apoio às nomeações do novo ministro da Justiça, André Mendonça, e, principalmente, de Alexandre Ramagem para diretor geral da PF. “Consideramos que Alexandre Ramagem é um policial perfeitamente qualificado para o cargo e tem o respeito da categoria”, acrescenta a nota.
Leia abaixo, na íntegra o teor da nota:
NOTA PÚBLICA – Sobre os novos ministro da Justiça e diretor-geral da Polícia Federal
A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) recebe com tranquilidade a designação do Advogado Geral da União, André Mendonça, para o Ministério da Justiça, e de Alexandre Ramagem para o comando da Polícia Federal.
O nome de Ramagem estava entre os mais cotados para o cargo. Ele integrou a escolta pessoal do presidente Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018. Consideramos que Alexandre Ramagem é um policial perfeitamente qualificado para o cargo e tem o respeito da categoria.
A Fenapef reforça a importância de a Polícia Federal se manter distante de qualquer interferência política e acredita que seguirá com autonomia e independência nas suas investigações. Os mais de 14 mil policiais federais representados pela Federação seguirão vigilantes e reiteram que não vão abrir mão da independência e autonomia investigativa da Polícia Federal.
Até o momento, não se tem notícia de qualquer interferência nas investigações em andamento, até porque a Polícia Federal detém autonomia investigativa e técnico-científica asseguradas em lei.
A Federação Nacional dos Policiais Federais não se furtará à defesa intransigente de todos os policiais federais e da melhoria e independência das investigações no nosso país. A entidade acredita na modernização da Polícia Federal, com porta única de entrada, ciclo completo de polícia e manutenção da autonomia investigativa, sem interferência política na atuação dos policiais federais.
Brasília, 28 de abril de 2020