Feliz ano velho

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O ano que se encerra é para ser festejado com champanhe

  • JOÃO CONRADO
  • conrado1959@gmail.com

No apagar das luzes de 2022, muitos ainda questionam se foi um ano para esquecer ou para comemorar. Obviamente, a resposta vai depender de quais variáveis você vai levar em consideração. Dado ao que se espera para 2023, esta coluna vai cravar que este ano que se encerra é para ser festejado ao som de muitas rolhas de champanhe espocando à meia noite do dia 31 de dezembro que se aproxima.

Você pode contestar, dizendo que o Brasil perdeu a Copa do Mundo, mais uma vez desclassificado nas quartas de finais por um time que nem estava listado entre os favoritos. Isso só pesa um pouquinho no coração sofredor do torcedor brasileiro, sempre empolgado com a seleção e mais uma vez enganado pela arrogância e prepotência dos atores que nos representaram nos gramados do mundial. Logo vamos esquecer a derrota e mais rápido que nunca vamos nos empolgar com a próxima seleção. Faz parte do nosso DNA.

Se você é bolsomínion, ou pelo menos simpatizante, deve ter se decepcionado com a vitória do Lula e ainda sente gastura só em pensar que a jararaca não foi morta quando devia e ressuscitou das cinzas para assumir o comando do país, dessa vez apoiada pela imprensa e pelo poder judiciário. Mas, por outro lado, se você era petista, ou pelo menos simpatizante, ainda tira sarro das vivandeiras alvoraçadas (também chamadas de “gado”) que se amontoam em frente aos quarteis esperando um improvável golpe militar.

Independente dos resultados futebolísticos ou políticos, os motivos para comemorar o ano que se encerra estão muito mais pelas perspectivas pessimistas do ano novo que vem aí. O Brasil que se inicia em 2023 traz consigo mais despesas a serem espetadas no já combalido orçamento. O negócio é tenebroso porque as despesas existentes já não cabiam no caixa do governo e esses novos gastos, todas legalizados para cumprir promessas de campanha, vão jogar para o espaço a responsabilidade fiscal sem imputar danos ao ordenador. Como consequência, vamos ter juros mais elevados, mais inflação, mais dívida interna e mais desequilíbrio. Bem que se podia achar os recursos para as promessas de campanha de manter os benefícios à parcela mais pobre por meio do corte de algumas despesas escandalosas, mas quem disse que isso é possível?

As Vossas Excelências estão aproveitando a porteira aberta para passar a boiada do reajuste dos gastos com gabinetes e mordomias. É assim que a coisa funciona e você, tanto quanto eu, é responsável por esse sistema. Se achar que não, faz o L ou a Arminha, porque não se trata aqui de vincular o gasto à ideologia de plantão. Os dois candidatos prometerem fazer a mesma coisa e não há a menor dúvida de que qualquer um agiria exatamente dessa forma.

Em 2023 não teremos mais um Posto Ipiranga no comando da economia, mas um “economista” que declara ter estudado pouco esse assunto e assume que a sua bagagem se limita a uns poucos molambos, algo como ter participado de grupos de trabalho para esse ou aquele assunto na esfera das contas públicas. Vai precisar de uma equipe técnica competente por trás para não pisar em falso em uma das áreas mais sensíveis da gestão pública. Se isso vai ser ou não um risco, só o futuro pode dizer. O que se sabe é que Fernando Hadad foi escolhido muito mais pela sua proximidade com o presidente eleito e a sua fidelidade no cumprimento de ordens. Vamos fazer figa e esperar. É o que nos resta.

Algo que não pode ser esquecido e onde reside toda a esperança de que este governo acerte na dosagem é o simples fato de que não há margem para erro. Lula sabe que recebeu uma oportunidade rara, considerando todos os fatos em que esteve envolvido e que lhe levaram a condenações, e não pode perder a chance de ficar na história, dessa vez de forma positiva. Não haverá mais espaço para mensalão, para financiamento de obras em países amigos, para escândalos em estatais, porque a sociedade estará atenta. Só lhe resta fazer o que tem de ser feito e, se isso acontecer, poderemos todos comemorar nos anos que vêm novamente o “feliz ano velho”. É o que se espera.

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