Flávio Dino diz que a esquerda é mais próxima do Cristianismo do que outros segmentos da política

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AQUILES EMIR

Criticado pelo festival de nomeações de capelães na Polícia Militar do Maranhão, o que teria facilitado sua penetração no segmento evangélico, em 2018, o governador Flávio Dino (PCdoB), em entrevista ao portal UOL sugere uma maior aproximação dos partidos de esquerda dos templos protestantes e acusa, indiretamente, o presidente Jair Bolsonaro e seus aliados de adotarem práticas anticristãs.  Segundo ele, a esquerda tem mais proximidade com o cristianismo, “do que segmentos que defendem a brutalidade, a barbárie, a venda de órgãos humanos, o nazismo, o assassinato de pessoas, a escravidão”.

Na entrevista, o governador defendeu a exoneração do ex-secretário da Cultura Roberto Alvim – “uma conquista civilizacional democrática importante” – e cobrou a demissão do secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, que estaria recebendo, por meio de empresa da qual é sócio, dinheiro de emissoras e agências de publicidade contratadas.

“Se ele (Jair Bolsonaro) não agir, tenho plena convicção jurídica de que os órgãos de controle do Tribunal de Contas da União, Ministério Público, Poder Judiciário, vão ser chamados a decidir e, seguramente, vão aplicar a lei”.

Para vencer a eleição de 2022, Flávio Dino é a favor de que a esquerda agregue “não só filiados aos partidos, mas também pessoas que não têm identidade partidária, que é o principal desafio da esquerda”.

Sobre o papel de Lula nesse processo, afirmou que o ex-presidente é a maior liderança popular da vida brasileira.

Sobre sua entrada numa chapa encabeçada por Lula ou Fernando Haddad, disse que “está muito longe para discutir chapa para 2022, ainda não fui nem convidado. É desrespeitoso discutir chapa agora porque significa estabelecer uma de linha de chegada, antes mesmo da partida, acaba excluindo pessoas. É hora de fazer com que a esquerda retome a iniciativa na sociedade”.

Flávio Dino chega a exagerar ao dizer que “nem na ditadura militar houve tanta destruição do direito dos mais pobres”. Dizendo-se “visceralmente crítico da ditadura militar”, disse que é preciso “conter isto (governo Bolsonaro), e não vai ser a esquerda sozinha, não vai ser o PT, ou qualquer outra liderança”.

Lula, de acordo com a interpretação do governador, pesquisas recentes mostram que o ex-presidente Lula teria todas as condições de ganhar uma eleição, se disputasse hoje contra qualquer candidato. “Daqui a pouco, a sociedade vai ver que os seus problemas não se referem aos desacertos que, infelizmente, ocorreram no passado de Dilma e Lula”.

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Luciano – O governador disse ainda que prefere Luciano Huck dialogando com ele do que com Bolsonaro. “Se ele [Huck] está dialogando com outro campo, significa dizer que nós estamos alienando não apenas ele, mas afastando segmentos sociais que se sentem representados por ele”. Ele disse já ter convidado ao apresentador para visitar o Maranhão, mas nega que tenha havido entre eles debate sobre 2022 “porque não tem sentido prático, temos uma estrada muito longa até lá”.

Indagado se entraria numa chapa com Huck, disse que “não posso descartar [a chapa com Huck], primeiro porque seria mal-educado da minha parte. Em segundo lugar, porque eu não sei exatamente para onde o conjunto de forças da esquerda vai caminhar.

Há preconceito por parte da esquerda em relação aos evangélicos?, quis saber dos entrevistadores. “Algumas pessoas da esquerda podem ter, mas é equivocado qualquer tipo de generalização. Como o mundo é plural, pode haver essa visão equivocada de afastamento de segmentos sociais.

Para quem está defendendo um projeto político nacional popular, a perspectiva não é de exclusão, a não ser da meia dúzia de 1% da população de multimilionários que defendem os seus privilégios e são contra políticas públicas para os mais pobres”.

Flávio Dino chega a colocar o ex-presidente Lula no rol dos seus adversários, ao ser perguntador reage aos que dizem “que não seria possível a eleição de um integrante do Partido Comunista do Brasil para presidente”, como frisou o ex-presidente numa entrevista à TVT. Ele responde:  “Os mesmos que diziam que eu não posso concorrer à presidência pelo PCdoB são aqueles que achavam que eu jamais seria governador do Maranhão pelo PCdoB”.

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