Flávio Dino enxerga crise econômica e impeachment de Jair Bolsonaro no pós-pandemia do covid-19

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AQUILES EMIR

Embora tenha assinado um documento que pede o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), não defende que este assunto seja tratado agora, mas acha que isso deva ocorrer após superação da pandemia do coronavirus. “É muito difícil imaginar que, após essa crise sanitária, nós vamos enfrentar uma crise econômica gigantesca que pode se traduzir em uma crise social e mesmo da democracia com Bolsonaro no comando”, declara.

Efe: O senhor e outros líderes políticos do campo progressista assinaram um manifesto pedindo a renúncia do presidente. Considera que a saída de Bolsonaro seria adequada no momento?

Dino: “Consideramos que o manifesto cumpre vários papéis, sobretudo o de apresentar uma perspectiva pós-pandemia. Acho que neste momento não há espaço para discutir impeachment ou nada desse tipo, embora haja motivos constitucionais. Nós apresentamos um plano emergencial, econômico e sanitário, mas dissemos: depois vamos precisar de uma saída institucional. Pela atuação do Bolsonaro, é muito difícil que essa repactuação do país se dê a partir dele. Nós estamos vendo que, além das terríveis perdas humanas, nós estamos vivenciado, provavelmente, a maior crise econômica da história brasileira (…) Neste momento, precisamos de líderes que sejam capazes de grandes pactos, que coloquem a união sobre as diferenças, que coloquem um consenso sobre dissensos. E o Bolsonaro é exatamente o ser antinômico em relação a isso. Além de não buscar a união e o consenso, ele busca exatamente o contrário, ele busca o conflito, ele busca a divergência. Ele toma atitudes inesperadas”.

Flávio Dino é questionado se planeja ser candidato à presidência em 2022, mas reconhece que, diante da pandemia do covid-19, “a eleição presidencial se tornou ainda mais distante, é um ponto muito pequeno no horizonte, tendo em vista que nós temos um caminho bastante tortuoso para chegar lá”.

Segundo ele, até mesmo as conversas com o ex-presidente Lula foram suspensas porque a prioridade neste momento é a crise da saúde.

“Por essa razão, qualquer debate sobre 2022 foi adiado. Mesmo essas conversas que eu vinha mantendo com o ex-presidente Lula, que é o principal líder da esquerda brasileira, ficaram congeladas até do ponto de vista prático, uma vez que não pudemos fazer viagens, reuniões, seminários. Eu tinha conversado com ele antes da viagem dele à França (no começo de março) que, na volta, nós faríamos uma série de reuniões com governadores, visitas, ele iria ao meu estado”.

O governador, mesmo admitindo que esta é uma prerrogativa do presidente, criticou a exoneração do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, da Saúde:

“Não conheço nenhum caso similar na história brasileira, em que um presidente da República, em vez de mitigar uma crise, ele é o agente catalisador dessa crise, quase como se fosse um cavaleiro do apocalipse, um profeta do caos. Ele anuncia e tenta realizar o caos, e começa isso a partir da desestruturação da sua própria equipe no pior momento. É evidente que ele tem o poder e a prerrogativa de escolher seus auxiliares. Não é o tempo adequado, no meio de um tsunami, trocar a tripulação do navio. Isso pode afundar o navio. É a consumação de um equívoco”.

(Com informações do UOL)

 

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