Funai cria “comitê de crise” para acompanhar massacre de indígenas na Baixada Maranhense

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AQUILES EMIR

A Fundação Nacional do Índio (Funai ) informou nesta segunda-feira (1º) que vai montar um “comitê de crise” para lidar com os desdobramentos dos atos de violência ocorridos domingo (30 de abril), no povoado Bahias, no município de Viana (MA), onde houve um confronto de pequenos proprietários rurais e indígenas da tribo Gamela, com o trágico saldo de vários feridos. “A Coordenação Regional de Imperatriz [da Funai] já está mobilizada tomando todas as providências necessárias no caso”, declarou a autarquia, por meio de sua assessoria de comunicação.

O Governo do Estado, por sua vez, em nota da Secretaria de Segurança, diz que a polícia foi imediatamente acionada tão logo foi deflagrado o conflito, “evitando assim uma tragédia maior”. Pelas redes sociais, o governador Flávio Dino (PCdoB) disse que desde o ano passado comunicou a Funai do problema.

De acordo com a Funai, a sua procuradoria está em contato direto com o delegado do município de Viana, e servidores do órgão acompanharão in loco o inquérito a partir desta terça-feira (02). “Também será formado um comitê de crise com os diretores e o presidente da Funai para prestar toda a ajuda necessária aos feridos e garantir o cumprimento da lei”, informou a fundação vinculada ao Ministério da Justiça.

Apesar do Governo do Estado negar, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) diz que o Gamela Aldeli Ribeiro foi atingido com um tiro na costela e um na coluna, e teve mãos decepadas e joelhos cortados. Seu irmão, José Ribeiro, levou um tiro no peito. O terceiro atingido foi o indígena e agente da CPT no Maranhão Inaldo Gamela, com tiros na cabeça, no rosto e no ombro.

Um dos Gamela feridos que tiveram o primeiro atendimento na na cidade de Vitória do Mearim (Foto: Ana Mendes/Cimi)

O governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB), usou a rede social Twitter para publicar documentos nos quais afirma que já tinha pedido ajuda da Funai sobre os conflitos com o povo gamela em agosto de 2016. Em outubro, aponta uma carta da Funai, o governo foi informado que não seriam feitos estudos sobre o processo de demarcação de terras na região porque a Funai não tinha recursos nem equipe técnica para tocar os trabalhos.

Eis a nota do Governo do Estado:

Sobre a lamentável violência ocorrida no povoado Bahias, município de Viana, o Governo do Maranhão informa que:

1. A Polícia Militar do Maranhão atuou imediatamente no último domingo (30) após ter conhecimento do conflito entre moradores da região e um grupo que reivindica reconhecimento como povo Gamela, evitando assim uma tragédia maior. A PM permanece no local com reforço do efetivo;

2. Durante o confronto, sete pessoas ficaram feridas, sendo cinco gamelas e dois não-gamelas. Um dos gamelas teve fratura exposta nas mãos, foi operado e continua internado. Dos sete feridos, três permanecem internados;

3. Equipes da Polícia Civil foram imediatamente encaminhadas ao local e a Secretaria de Estado da Segurança Pública já instaurou inquérito para investigar as condições em que o conflito ocorreu. Equipe da Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular também está sendo deslocada para a área em conflito.

4. O Governo do Estado encaminhou ofício ao Ministério da Justiça, pois compete ao Governo Federal definir se as terras em questão são indígenas ou não .

(Com dados da Funai, Estado de São Paulo e Secap)

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