Funai foi informada pela imprensa sobre “ajuda” do Estado para solucionar conflitos indígenas

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Marcelo Tavares reunido com lideranças religiosas para definir ação com vistas a solucionar conflito indigena

Em ofício encaminhado ao Governo do Estado, nesta quarta-feira (10), a Fundação Nacional do Índio (Funai) informa que tomou conhecimento, pela imprensa, de que o governador Flávio Dino se dispõe a custear os estudos para demarcação do território reivindicado pelos indígenas da etnia Gamela, numa área de aproximadamente 14 mil hectares, que abrange os municípios de Viana, Matinha e Penalva, na Baixada Maranhense.

No ofício, a diretora substituta de Proteção Territorial da Funai, Vanessa Cristiane Soares Miranda, questiona sobre a possibilidade de um Acordo de Cooperação Técnica a fim de “viabilizar os encaminhamentos administrativos cabíveis voltados à regularização de uma área que reúna as condições necessárias à reprodução física e cultural do povo Gamela, com a celeridade que o caso requer”. A Funai também afirma que está aberta ao diálogo “a fim de se buscar uma solução para o conflito e diminuir a tensão na região”.

O secretário de Direitos Humanos e Participação Popular, Francisco Gonçalves da Conceição, diz, no entanto, que já havia formalizado, por meio do Ofício n.º 527 – GAB/SEDIHPOP, enviado no dia 03 de maio, a disponibilidade do Governo do Estado em arcar financeiramente com os custos de constituição de grupo técnico multidisciplinar, considerando as informações de que a Funai não teria recursos disponíveis para realizar os estudos na área reivindicada pelos indígenas autodeclarados da etnia Gamela.

No dia 30 de abril, os indígenas autodeclarados Gamela entraram em confronto com proprietários de terras, trabalhadores rurais e moradores da região pela posse da área do Povoado Baías, localizado em Viana. Sete pessoas foram hospitalizadas com ferimentos em consequência do confronto.

Reunião – Nesta quarta-feira (10), o secretário-chefe da Casa Civil, Marcelo Tavares, e o secretário de Direitos Humanos se reuniram com os bispos Dom Sebastião Duarte, de Viana, e Dom Valdeci Mendes, de Brejo, para dialogar sobre o conflito com a finalidade de encontrar medidas contra os atos de violência na região.

 

O povo Gamela reivindica uma área superior a 14 mil hectares na Baixada Maranhense

“O governador do Estado ofereceu apoio financeiro para que a Funai constituísse um grupo de trabalho e fizesse os estudos necessários a partir da autodeclaração dos Gamelas. A Funai entrou em contato e, nesse momento, já têm reuniões agendadas para tratativas de como o Governo do Estado pode colaborar com a Funai. Consideramos este um passo importante porque é um conflito que envolve diferentes setores em Viana, Penalva e Matinha, e isso exige muita atenção para que se encontrem soluções que evitem atos de violência ou violação de direitos”, explicou Francisco Gonçalves da Conceição.

Para o bispo de Viana, Dom Sebastião Duarte, a reunião foi importante para esclarecer as medidas que vêm sendo tomadas pelo Governo do Estado. “Nessa reunião, o governo procurou dizer aquilo que está fazendo. É publico que o governo se colocou a serviço do Governo Federal, porque a questão eram os recursos para completar os estudos. A gente já sabia pela imprensa, então eles nos deixaram a par, também, de alguns outros procedimentos que estão tomando junto ao Governo Federal”, frisou Dom Sebastião Duarte.

Conflito em Viana –A área reivindicada pelos indígenas autodeclarados Gamela passa pelos municípios de Viana, Matinha e Penalva e, atualmente, é ocupada por fazendeiros, trabalhadores rurais e moradores. Representantes da etnia afirmam que a área foi cedida aos Gamela pela Coroa Portuguesa ainda no período colonial, em 1759, e que foram expulsos por conta da colonização.

O estudo de identificação e demarcação de terras indígenas é responsabilidade do Governo Federal, realizado pela Funai. A autarquia federal detém, única e exclusivamente, total poder para executar o plano de verificação e demarcação de territórios e já havia sido acionada pelo Governo do Estado para realizar o estudo na área do conflito. A instituição comunicou não possuir condições financeiras para realizar o mapeamento.

(Com dados da Secap)

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