Depois de pelo menos duas semanas de um clima tenso entre o presidente Jair Bolsonaro é membros do Supremo Tribunal Federal, o ministro Gilmar Mendes se reuniu com o comandante do Exército, general Edson Pujol. Oficialmente, o encontro era para entregar a nova edição do livro do magistrado Cursso de Direito Constitucional.
Na conversa com o oficial, o ministro aproveitou a oportunidade para tentar desfazer a interpretação corrente, em boa parte estimulada pelos generais que ocupam assento no Palácio do Planalto de que há um complô em curso para enfraquecer politicamente o presidente.
Os generais que ocupam cargos no governo são Walter Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).
Na entrevista concedida a José Luíz Datena, nesta sexta-feira (18), em que relatou também o encontro, o ministro disse que a conversa foi amigável e que as divergências de ideias teriam sido superadas, porém não é bem isto que relata a revista Veja.
O ministro, segundo a revista, acabou ouvindo o que não queria, pois, de acordo com interlocutores que conversaram com o magistrado, Pujol também está convencido de que Judiciário tem extrapolado em suas funções e, mesmo entre os militares considerados mais “institucionais” e avessos ao mundo político, como o comandante do Exército, não foram bem assimiladas decisões do ministro Alexandre de Moraes como a que vetou o nome de Alexandre Ramagem para a diretoria-geral da Polícia Federal.
A ordem judicial que mais impressionou os fardados, no entanto, foi a decisão do STF que impediu o presidente de decidir sobre políticas relacionadas ao novo coronavírus.
Mendes teria explicado, no entanto, cada uma das decisões e procurou desfazer a interpretação de que o Judiciário seja um opositor do Palácio do Planalto.
Para os seguidores do presidente, participam desta conspiração do Judiciário, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB); o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM); e o ministro do STF Alexandre de Moraes, autor das decisões judiciais que mais têm desagradado ao Palácio do Planalto.
(Com informações da Veja)