Gleisi Hoffmann critica Estado Unidos por fala de uso de “poder militar” contra o Brasil

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Embaixada faz ameaça a Alexandre de Moraes 

A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffman, criticou nesta terça-feira (09) declaração do governo dos Estados Unidos de que o país poderia usar seu “poder militar” para retaliar o Brasil por causa do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. No Brasil, embaixada dos EUA postou nota de cunho ameaçador ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Mais cedo, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o presidente Donald Trump não teme em usar “meios militares” em defesa da liberdade de expressão no mundo.

Em uma postagem nas redes sociais, a ministra afirmou que chegou ao “cúmulo” a “conspiração da família Bolsonaro contra o Brasil”, apontando para a articulação conduzida pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro para que os EUA sancionem o Brasil.

“Não bastam as tarifas contra nossas exportações, as sanções ilegais contra ministros do governo, do STF e suas famílias, agora ameaçam invadir o Brasil para livrar Jair Bolsonaro da cadeia. Isso é totalmente inadmissível'”, disse a ministra.

Ela defendeu ainda a cassação do deputado federal, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Ainda dizem que estão defendendo a “liberdade de expressão”. Só se for a liberdade de mentir, de coagir a Justiça e de tramar golpe de Estado; estes sim, os crimes pelos quais Bolsonaro e seus cúmplices estão sendo julgados no devido processo legal”, acrescentou.

Casa Branca – A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que o governo considera a liberdade de expressão uma prioridade máxima, citando o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Não tenho nenhuma ação adicional [contra o Brasil] para apresentar a vocês hoje. Mas posso dizer que esta é uma prioridade para o governo. E o presidente [Donald Trump] não tem medo de usar o poderio econômico e militar dos Estados Unidos da América para proteger a liberdade de expressão em todo o mundo”, disse a porta-voz, conforme informou a agência Reuters.

Julgamento – A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retomou hoje o julgamento de Jair Bolsonaro e mais sete réus pela trama golpista. Os ministros Alexandre de Moraes, relator da ação penal, e Flávio Dino votaram pelas condenações. Faltam três votos.

A sessão foi suspensa e será retomada amanhã (10) para o voto dos ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

Ameaça – A embaixada dos Estados Unidos no Brasil ameaçou nesta terça-feira (9) o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes com uma postagem nas redes na qual menciona que irá seguir com “medidas cabíveis”.

Moraes é relator do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus acusados de participar de uma trama golpista para reverter o resultado das eleições presidenciais de 2022 e impedir o candidato eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, de assumir a presidência.Para o ministro Alexandre de Moraes e os indivíduos cujos abusos de autoridade têm minado essas liberdades fundamentais – continuaremos a tomar as medidas cabíveis”, informou a embaixada em uma postagem publicada nas redes sociais na manhã desta terça-feira (09).

Em 08 de agosto, a embaixada já tinha acusado Moraes de ser “o principal arquiteto da censura e perseguição contra Bolsonaro e seus apoiadores” no Brasil, violando direitos humanos.

Na ocasião, a representação diplomática estadunidense advertiu “os aliados de Moraes no [Poder] Judiciário e em outras esferas” a não apoiarem ou facilitarem as decisões legais do ministro, sob risco de sofrerem sanções. Em resposta, o Itamaraty convocou o encarregado de negócios da embaixada, Gabriel Escobar, a dar explicações sobre as ameaças do governo Trump.

O novo texto postado pela embaixada, esta manhã, é uma republicação de uma mensagem que o subsecretário de Diplomacia Pública do Departamento de Estados dos Estados Unidos, Darren Beattie, divulgou ontem (8), em meio à retomada do julgamento da trama golpista.

Na postagem, Beattie se refere ao 7 de setembro, dia da Independência do Brasil. Em várias cidades brasileiras, cidadãos comemoram a data em desfiles cívico-militares. Na capital federal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou do evento, na Esplanada dos Ministérios, onde o público presente gritava “sem anistia”. A data foi marcada pela celebração da soberania brasileira.

No mesmo dia, entretanto, manifestantes saíram às ruas pedindo anistia para os envolvidos nos ataques e depredação dos edifícios sede dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Na mensagem nas redes sociais, Beattie alega que a celebração da independência brasileira foi um “lembrete” do compromisso do governo estadunidense “em apoiar o povo brasileiro que busca preservar os valores de liberdade e justiça”.

A postagem da embaixada gerou reações imediatas de internautas brasileiros. Alguns, agradeceram a postura das autoridades estadunidenses, mas a maioria criticou o que classificou como um gesto indevido de interferência. Um dos internautas perguntou ao Grok, assistente de conversação que utiliza inteligência artificial (chatbot), se o gesto do subscretário e da embaixada dos Estados Unidos não configuraria uma “interferência [dos EUA] na política externa”.

“Sim, muitos veem as declarações e avaliações dos EUA contra o ministro Alexandre de Moraes como interferência em assuntos internos brasileiros, violando a soberania [brasileira], mas outros argumentam que é uma resposta legítima a supostos abusos de poder que afetam interesses globais de liberdade”, ponderou o assistente digital, desenvolvido pela empresa do bilionário e ex-chefe do Departamento de Eficiência Governamental do governo Trump, Elon Musk.

(Agência Brasil)

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