Maranhão apresenta perspectivas de tirar pé do atraso
- JOÃO CONRADO DE CARVALHO
- jc@jccons.com.br
Notícias ruins não têm faltado neste ano de 2021. Os reflexos da pandemia em nível mundial provocaram crises de desabastecimento e inflação. Aliado a isso, a possibilidade de uma nova cepa do Covid-19 provocar mais medidas de contenção e, consequentemente, mais resultados ruins no front econômico.
Para piorar, o desequilíbrio fiscal das contas brasileiras, ampliado com os gastos para honrar os precatórios, vai colocar mais elementos capazes de atrasar a retomada do desenvolvimento. Finalmente, e se não bastasse tudo isso, ainda vamos entrar em um ano eleitoral totalmente atípico. Vai ser preciso muita água benta para não deixar a vaca ir para o brejo de vez.
No entanto, no meio dessa tempestade, há quem acredite que o Maranhão voltou a apresentar perspectivas de tirar o pé do atraso em que se encontra.
Essas perspectivas estão relacionadas a uma série de investimentos em curso, envolvendo principalmente questões relacionadas à logística. Um dos gargalos que atrapalham o crescimento deste estado é exatamente a capacidade de escoamento da produção, principalmente de minérios e grãos. Basta sentar-se em um barzinho qualquer na Av. Litorânea e apreciar a paisagem. Praias maravilhosas disputam a atenção dos turistas com a enorme quantidade de navios ancorados na Baía de São Marcos aguardando a vez de atracar no Porto do Itaqui.
Nos últimos vinte e cinco anos foram divulgados pelo menos três projetos de desenvolvimento no Maranhão, todos eles calcados em investimentos que não se concretizaram plenamente. Aqueles que acreditam nas boas notícias apostam que dessa
vez o a coisa vai. A esperança reside exatamente no fato de que não é mais possível desperdiçar tanta riqueza por falta de investimentos. Já que o governo não consegue realizar as obras de infraestrutura necessárias ao escoamento da produção, o jeito foi
chamar a iniciativa privada. É nesse ponto que a galera que acredita nos novos ventos está apostando.
Os programas de concessão de portos e aeroportos já anda a passos largos. Sabe-se que a ampliação do Itaqui e a construção de um novo porto já está em curso. Empresas do porte da COSAN assumiram a frente e vão tocar parte das obras. Fala-se em outro porto em Alcântara e o governo acabou de autorizar a construção de linha férrea ligando Alcântara o sul do Maranhão. Fala-se também no projeto aeroespacial e a construção de novas pistas para aviões, que facilitará também a Zona de Processamento de Exportação e o comércio exterior.
Não é à toa que a Santos Brasil, a maior operadora de containers da América Latina, já está iniciando a construção de um terminal para graneis líquidos.
O governo federal também está interessado em aprovar a chamada BR do Mar, uma espécie de via marítima ligando os portos brasileiros por meio da cabotagem. Em paralelo, estradas estão sendo melhoradas, duplicadas e recebendo uma estrutura de asfalto que suporte veículos pesados e não precise ter os buracos tapados a cada ano, no período
de chuva. Armazéns estão sendo construídos para dar suporte ao desembaraço aduaneiro, assim como também se está construindo áreas destinadas a receber veículos, alojar e alimentar os motoristas e dar manutenção na frota.
Percebe-se que a lista de investimentos é bem amarrada, favorecendo os ganhos de sinergia entre as atividades e não deixando lacunas que possam atrapalhar o desenvolvimento. Muitos estimam que esses investimentos se aproximem da casa dos
dois ou três bilhões de reais, talvez até mais, a depender das ações na área de lançamento de foguetes, cujo volume não é conhecido.
Não é muito difícil perceber que se esses investimentos realmente vingarem, o Maranhão vai dar um salto de desenvolvimento, criar oportunidades de negócios, emprego e renda e reduzir os indicadores negativos que envergonham o estado. Como a maior parte desses investimentos é consequência dos programas de concessões em curso, não há por que não acreditar que sim, dessa vez o Maranhão desponta. É isso que todos nós queremos.