Com uma letra que ressalta rituais indígenas e a luta de populações tradicionais pela preservação das florestas, a escola de samba Imperatriz Leopoldinense, do Rio de Janeiro, acabou incomodando setores ligados ao agronegócio. O samba enredo “Xingu, o clamor que vem da Floresta”, provocou manifestações de instituições como a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso.
A instituição preferiu não conceder entrevistas sobre o assunto, mas publicou nota em que se mostra preocupada com a forma como a escola contextualizou a apresentação deste ano. Também critica as fantasias que, segundo a federação, abordam negativamente aspectos da produção agrícola, como a ocupação das terras e a utilização de agrotóxicos.
O samba enredo da Imperatriz Leopoldinense chegou a ser assunto de discursos no plenário do Senado. Cidinho Santos, senador do PR de Mato Grosso, disse que a escola faz grave ataque ao agronegócio.
Já a coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, Sônia Guajajara, defende a Imperatriz. Para ela, manifestações contrárias ao enredo querem ocultar a atuação de muitos agropecuaristas no país.
A agremiação também se defendeu. No site oficial, publicou nota em que ressalta o comprometimento em dar voz à diversidade. A escola destacou que este ano vai mostrar a rica contribuição dos povos indígenas do Xingu à cultura brasileira, além de construir uma mensagem de preservação e respeito à biodiversidade.
A direção da Imperatriz destacou que o desfile, de responsabilidade do carnavalesco Cahê Rodrigues, foi alvo de campanha difamatória ao divulgar algumas das fantasias que denunciavam o uso irresponsável de agrotóxicos.
A Imperatriz Leopoldinense é considerada uma das mais tradicionais escolas de samba do carnaval carioca, com quase 60 anos de fundação e oito vezes campeã no Grupo Especial. Neste domingo (26), ela será a terceira escola a se apresentar na Sapucaí.
(Agência Brasil)