Endividamento do consumidor de São Luís diminui consumo de material escolar

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SÌO PAULO, SP, BRASIL, 10-01-2013, 15h30: Grande movimenta‹o para compra de material escolar em loja na rua 25 de Maro, em S‹o Paulo. (Foto: Marcelo Camargo/ABr)

Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) e a Federação do Comércio do Maranhão (Fecomércio) indicam para um nível de endividamento de 70,4% para o mês de janeiro em São Luís, o que representa uma retração no índice de famílias ludovicenses endividadas de -2,2% em comparação ao mês de dezembro, mas, por outro lado, um avanço do endividamento de 4,9% quando comparado ao mesmo período do ano passado.

Essa queda no endividamento em relação ao mês de dezembro é explicada pelo baixo nível de consumo apresentado ao longo do fim de 2016, como já indicava a Pesquisa de Intenção de Consumo para o Natal da Fecomércio-MA, que apresentava um redução na predisposição de ir às compras de -8,09%. Ou seja, a conjuntura econômica instável, principalmente relacionada à falta de estabilidade no emprego atual dos consumidores, promoveu uma retração nas vendas e direcionou parte da injeção de recursos do 13º salário dos trabalhadores para o pagamento de dívidas.

Apesar dessa retração no endividamento na comparação mensal, o índice experimentou um crescimento na comparação anual e ainda se encontra relevantemente alto. Estima-se que, de acordo com o levantamento da Peic, 212.230 consumidores ludovicenses encontrem-se endividados neste mês de janeiro. Assim, com parte da renda dos consumidores já iniciando o ano comprometida com as dívidas, é esperado um impacto negativo no setor varejista nesses primeiros meses que deverá ter dificuldades para ampliar a capacidade de expansão das vendas em função dessa retenção do consumo.

Um dos setores que deverá sentir diretamente esse impacto é o segmento de Livros, Jornais e Papelaria, que apresenta seus melhores resultados sazonalmente no início de cada ano devido à volta às aulas da grande maioria dos alunos de colégios e faculdades. Segundo dados da última Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE, esse segmento específico apresentou no acumulado de janeiro a novembro de 2016 uma queda no volume de vendas de -16,5%.

Resultado de imagem para material escolar.ebcPara o consultor econômico da Fecomércio, Eduardo Campos, essa retração das vendas do ano passado deverá se refletir ainda este ano.

“Estes números reforçam as projeções de vendas menores e abaixo das expectativas de demanda dos empresários desse setor de livros e papelaria. Estas projeções negativas se dão diante da necessidade da recuperação deste setor estar condicionada ao aproveitamento da sazonalidade de vendas que ocorre no primeiro trimestre e que se encontra bastante comprometida pelo alto nível de endividamento das famílias ludovicenses apresentado em janeiro”, explica o economista .

Dívidas – De acordo com a pesquisa, os principais tipos de dívidas dos ludovicenses estão concentradas no cartão de crédito, que representa 76,6% dos compromissos financeiros assumidos para o mês de janeiro. Nessa lista, também são indicados os carnês (13,4%), financiamento de carro (5,2%), crédito pessoal (4,3%), financiamento de imóveis (4,9%) e crédito consignado (1,3%).

Embora o nível de endividamento mantenha em níveis elevados, o índice de consumidores com contas em atraso, ou seja, aqueles que são considerados inadimplentes, mantem-se em 27,2% para o mês de janeiro em São Luís. Esse é o menor percentual de inadimplentes desde março do ano passado na capital maranhense, o que revela a preocupação do consumidor com a instabilidade da sua renda atual e futura, fazendo com que os ludovicenses freiem o consumo e direcionem a renda para evitar o aumento da inadimplência. Em relação ao mesmo período do ano passado, as famílias com contas em atraso dentre as endividadas apresentaram recuo de -4,23%.

A pesquisa também apontou que apenas 9,4% das famílias endividadas afirmaram que não terão condições de quitar suas dívidas em atraso, resultando no percentual 13% menor do que o registrado em janeiro do ano passado. “Este é um dado positivo para o consumo, pois a recuperação da capacidade de renda futura das famílias contribui para a expansão do consumo. Nessa perspectiva, projetam-se as expectativas futuras otimistas em um médio prazo relacionada às condições de pagamento das dívidas em atraso e a retomada do consumo”, ressalta Eduardo Campos.

Segundo o levantamento da CNC e Fecomércio, o tempo médio de atraso das dívidas atuais dos ludovicenses é de 59,1 dias. As dívidas com pagamento em atraso de até 30 dias representam 31,5% dos compromissos financeiros atuais das famílias de São Luís, enquanto aqueles com atraso entre 30 a 90 dias somam 23,7% das dívidas e 44,4% desse atraso supera 90 dias. Por outro lado, o tempo de comprometimento das famílias com as dívidas que estão a vencer é de 4,8 meses, indicando que o nível de endividamento deverá manter-se elevado pelo menos até o mês de maio na capital. De acordo com o estudo, os ludovicenses endividados apresentam, em média, 28,5% da renda atual comprometida com essas dívidas.

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