
Declarações de órgãos dos EUA seriam interferência
O encarregado de negócios dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, foi convocado pelo Itamaraty pela terceira vez desde o aumento das tensões diplomáticas entre os dois países. O Ministério das Relações Exteriores (MRE) chamou o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos (EUA), Gabriel Escobar, para prestar esclarecimentos a respeito das ameaças feitas pelo governo de Donald Trump contra “aliados de [Alexandre de] Moraes no Judiciário”.
O secretário interino para a Europa e América do Norte no Itamaraty, embaixador Flavio Celio Goldman, recebeu o representante do governo Trump no Brasil para expressar a insatisfação do governo brasileiro com o teor e a forma das recentes publicações do Departamento de Estado e da embaixada nas redes sociais.
Segundo o governo brasileiro, as declarações feitas por órgãos oficiais dos Estados Unidos configuram uma interferência inaceitável em questões internas e representam ameaças às instituições e autoridades do país.

O Departamento de Estado norte-americano, equivalente ao ministério das relações exteriores, tem utilizado suas plataformas digitais para criticar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e do ministro Alexandre de Moraes, especialmente no que se refere ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores.
Nesta quinta (07), a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil publicou a tradução de uma declaração do secretário de diplomacia pública Darren Beattie, que continha ameaças a integrantes do Judiciário brasileiro que venham a colaborar com Moraes.
“Os aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas estão avisados para não apoiar nem facilitar a conduta de Moraes. Estamos monitorando a situação de perto”, afirmou o comunicado do diplomata, acusando o ministro de “censura” e “perseguição” contra Bolsonaro.
A convocação ocorreu após surgirem publicações da embaixada americana e do Departamento de Estado dos EUA criticando o ministro do STF, Alexandre de Moraes.
O Itamaraty expressou “profunda indignação” com o conteúdo e o tom das postagens, classificando-as como ingerência em assuntos internos e “ameaças inaceitáveis” a autoridades brasileiras;
O embaixador Flávio Goldman, que chefia interinamente a Secretaria de Europa e América do Norte, recebeu Escobar para comunicar oficialmente o descontentamento do governo brasileiro;
No STF, as declarações foram interpretadas como uma ameaça de sanções a outros ministros que apoiem Moraes.
Situação diplomática – A embaixada dos EUA no Brasil está atualmente sob comando de Escobar, já que não há embaixador nomeado após a saída de Elizabeth Bagley. A ausência de um embaixador efetivo reflete uma lacuna diplomática em meio à escalada das tensões.
(Sputnik Brasil)